Travei uma conversa
alongada com o escritor, crítico e docente de literatura moçambicana, Lucílio
Manjate, a que anuncio aos amigos que em breve poderá ser lida na íntegra. Agora apenas ficam
“umas palavras” que esse contador deixa….
Lucílio Manjate |
Sistematizar uma literatura como a nossa não é
uma tarefa fácil. Estamos a falar de uma literatura relativamente jovem, quer
dizer, depende dos parâmetros que queremos estabelecer para dizermos que é uma
literatura jovem ou mais adulta, por aí adiante. Mas não é tarefa fácil de
qualquer forma e não é bem verdade que os estudos sobre a literatura
moçambicana vêm de fora. É preciso, se calhar, percebermos a natureza desses
estudos, quer dizer, se nós estamos a falar de uma sistematização estejamos a
falar mais ou menos em escrever uma história dessa literatura. Olhar literatura
como um sistema não é tarefa fácil, não é só olhar o texto literário, e mesmo
que olhemos ao texto literário numa perspectiva sistémica, podemos ter muitas
dificuldades, posso citar o exemplo trabalhos que abordam essa visão sistémica,
sobretudo de ponto de vista do texto, trabalhos como do professor Almiro Lobo,
Francisco Noa, Fátima Mendonça, são alguns trabalhos que procuram observar numa
perspectiva histórica a literatura moçambicana. Portanto, isso leva seu tempo.
O que acho que esteja a acontecer é que estudiosos doutras paragens tem estado
a incidir sobre o texto literário, em termos muitos concretos, de um
determinado autor que é um processo que nos conduz a uma visão sistémica. Mas
são dois momentos, um momento é trabalharmos o texto, pegar no teu livro e
escrever sobre ele e publicar, outra coisa é eu querer perceber por exemplo a
origem da literatura moçambicana, aí a abordagem é mais sistémica.
|....|
O perfil do estudante que eu e os meus colegas
temos estado a enfrentar é um perfil pobre em termos de leitura. Eu falo de
leitura nem estou a falar do texto literário, refiro-me ao texto, falo de
leitura, leitura normal, jornal, um texto informativo, há um défice muito
grande, e a imagem que tenho é do trabalho que está sendo feito nos níveis mais
abaixo, secundário e primário é um trabalho que deixa muito a desejar, é muito
pobre, e isso tudo entra naquele pacote de problemas que já se tem discutido
que é preciso repensar o nosso sistema de educação e pensar o que queremos
quando educamos, qual é a filosofia, um debate que já tem barbas brancas.
Portanto, os estudantes que entram na universidade são muito fracos, pobres, tu
perguntas qual é o livro que ele já leu, vai te falar de um manual de língua
portuguesa, mas quando fazemos essa pergunta estamos a procura de leitura de textos
ficcionais completos, estamos a procura se tenham lido um livro de poesia, um
romance, contos, coisas de género.
Ao longo dos dias vem a entrevista por inteiro. Fiquemos pelo debate daquilo que o professor nos deixa...
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