terça-feira, 23 de julho de 2013

ENTREVISTA COM LUCÍLIO MANJATE

Travei uma conversa alongada com o escritor, crítico e docente de literatura moçambicana, Lucílio Manjate, a que anuncio aos amigos que em breve poderá ser lida na íntegra. Agora apenas ficam “umas palavras” que esse contador deixa….

Lucílio Manjate

Sistematizar uma literatura como a nossa não é uma tarefa fácil. Estamos a falar de uma literatura relativamente jovem, quer dizer, depende dos parâmetros que queremos estabelecer para dizermos que é uma literatura jovem ou mais adulta, por aí adiante. Mas não é tarefa fácil de qualquer forma e não é bem verdade que os estudos sobre a literatura moçambicana vêm de fora. É preciso, se calhar, percebermos a natureza desses estudos, quer dizer, se nós estamos a falar de uma sistematização estejamos a falar mais ou menos em escrever uma história dessa literatura. Olhar literatura como um sistema não é tarefa fácil, não é só olhar o texto literário, e mesmo que olhemos ao texto literário numa perspectiva sistémica, podemos ter muitas dificuldades, posso citar o exemplo trabalhos que abordam essa visão sistémica, sobretudo de ponto de vista do texto, trabalhos como do professor Almiro Lobo, Francisco Noa, Fátima Mendonça, são alguns trabalhos que procuram observar numa perspectiva histórica a literatura moçambicana. Portanto, isso leva seu tempo. O que acho que esteja a acontecer é que estudiosos doutras paragens tem estado a incidir sobre o texto literário, em termos muitos concretos, de um determinado autor que é um processo que nos conduz a uma visão sistémica. Mas são dois momentos, um momento é trabalharmos o texto, pegar no teu livro e escrever sobre ele e publicar, outra coisa é eu querer perceber por exemplo a origem da literatura moçambicana, aí a abordagem é mais sistémica.

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O perfil do estudante que eu e os meus colegas temos estado a enfrentar é um perfil pobre em termos de leitura. Eu falo de leitura nem estou a falar do texto literário, refiro-me ao texto, falo de leitura, leitura normal, jornal, um texto informativo, há um défice muito grande, e a imagem que tenho é do trabalho que está sendo feito nos níveis mais abaixo, secundário e primário é um trabalho que deixa muito a desejar, é muito pobre, e isso tudo entra naquele pacote de problemas que já se tem discutido que é preciso repensar o nosso sistema de educação e pensar o que queremos quando educamos, qual é a filosofia, um debate que já tem barbas brancas. Portanto, os estudantes que entram na universidade são muito fracos, pobres, tu perguntas qual é o livro que ele já leu, vai te falar de um manual de língua portuguesa, mas quando fazemos essa pergunta estamos a procura de leitura de textos ficcionais completos, estamos a procura se tenham lido um livro de poesia, um romance, contos, coisas de género.


Ao longo dos dias vem a entrevista por inteiro. Fiquemos pelo debate daquilo que o professor nos deixa...
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