Não se pode condenar a África e os africanos por serem
aquilo que são. Que não se condenem os mais velhos quando de assustam com
aquilo que as novas brasileiras que estão a atrair a pequenada, mostram à
sociedade moçambicana muito nova que se deixa embalar. Não se pode condenar que
essas pessoas que alguns chamam-nas de conservadoras quando não concordam que
pelas ruas a fio crianças andam agarradas aos mais velhos chamando-se de “amor”
tudo porque as novelas brasileiras nos ensinaram que “o amor não tem idade”.
Não podemos condenar aos mais velhos que se assustam com
filhos que apontam os pais com dedo, exaltando, falando com eles de pé, andando
dentro da casa sem camisa e ditando as regras. Alguns até falam de liberdade de
expressão e democracia dentro de casa. Se quer imaginam que este Moçambique tem
uma jovem experiência daquilo que os americanos chamam de democracia. Como diz
Filimone Meios, citando Rui Nogar, cada um com as suas idiossincrasias. Que não
se condenem à esses mais velhos, chamando-os de atrasados/retardados, quando
dizem que o corpo é sagrado para se mostrar pelas ruas. Não se pode exigir
desses mais velhos que compreendam isso de dia para noite. Fui tudo de repente.
E se quer fomos inteligentes o suficiente para questionar tanto esbanjar de
culturas estrangeiras no país e que foram levando os mais novos.
Mas que também não questionem aos novos quando vão a
busca desse exterior. Moldam-se os tempos, moldam-se os homens. A verdade é que
os mais retardados são os jovens de hoje. O aproveitamento pedagógico por
exemplo, não dependerá apenas de um sistema de ensino eficiente em que se
chumbe mil vezes quando não se sabe. É que o processo de ensino e aprendizagem
não é feito apenas pela escola, há factores externos.
É muita coisa que me aborrece nos dias de hoje. A sede do
que é nosso e a fartura do que nos surpreende todos os dias. Quem nos garante
que os próprios brasileiros contentam-se com o que vê nas novelas? Quem?
Moçambique ainda não ratificou o acordo ortográfico mas,
caiamos em nós, quem tem computador sabe que o acordo ortográfico de Língua
Portuguesa, está em uso no país e no mundo, porque a nossa tecnologia não nos
permite viver das nossas decisões. Temos, inevitavelmente, que usar o acordo
ortográfico assumido pelo Brasil e Portugal. Que escolhas nós temos? E
continuo a dizer como Lourenço do Rosário, a globalização ainda é um processo
de que os africanos são apenas sujeitos de experimentação e nunca de execução.
Para tal, “A África deve unir-se” disse Nkrumah e eu assino por baixo. Enquanto
a preocupação for chamar uns de retardados e outros de adiantados, modernos ou
contemporâneos, há uma dose de sabedoria que negamos e que, para o nosso
privilégio, vem de lendas vivas.
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