Por Cruz Salazar
Muitas vezes me alheio às
mediocridades que os mass medias nos
proporcionam neste país. Tranco-me no silêncio, aliviando-me do infortúnio
transmitido por verdadeiros formadores de opinião pública e que influenciam várias
vezes na tomada de decisões.
Imagino que o cidadão do meu país
anda aliado a esses, na inocência e na pacatisse. Mas já, eu, com a minha
inocência, faço coisas melhores(?) e, uma delas, é não assistir alguns
programas da STV. Isso mesmo. Não assisto Telejúnior.
Não assisto Tchova Tchova. Não
assisto a Tarde é Sua. Não assisto Opinião Pública. E nem assisto os
telejornais feito por estilosos ex-telejúniorjornalistas que já imigraram para
o teleséniorjornalismo e Opaís Económico. Nada disso. Ainda me posso
proporcionar momentos de sofrimento e ferimentos provocados pelos ruidosos
programas como Debate da Nação, Discurso Directo e Pontos de Vista, estes dois
últimos bons programas, principalmente olhando para a incursão das opiniões dos
analistas. Mas quanto ao fazer televisão, o senhor moderador, ainda que o
admire como profissional de jornalismo, chega a aborrecer ouvir-lhe a falar.
Pois bem, depois do que já disse,
possivelmente serei conotado a falso por dizer que não assisto o que venho a
descrever, dizendo até correctamente os nomes dos programas. No contexto
“assistir” que aqui me verso recai no ser acompanhador fiel dos programas
(visto que são transmitidos uma vez por semana), no compreender a mensagem que
se transmite e navegar nos conteúdos. Aliás, como bom opinante, é necessário
que acompanhe o bom e o mau para saber distingui-los. E agora já sei. Os canais
públicos apesar da crítica que tem vindo a receber sobre a dita Liberdade de
Imprensa, penso que nos prestam trabalho melhor. No entanto, falta em si, um
provedor do telespectador, que tal?
E entremos no assunto que me propus
a desenvolver através do título deste artigo.
Em verdade vos digo, nunca antes me
tinha sentado para assistir o programa que se quer como uma SUPER TARDE de
sábado e acompanhar, através dele o que os adolescentes e jovem tem de potente
para serem Uma Estrela. Mas acabei me sentando depois de ser vítima de muita
publicidade enquanto assisto as novelas brasileiras que de mais bom oferece a
STV. Via aquilo que se pressupõe serem os “grandes” momentos do programa,
usados como propaganda para que se assista aos sábados na hora em que eles
mesmo sabem o programa SÚPER TARDES VODACOM.
E decidi sentar-me na tarde de
sábado que foi dia 5 de Maio de 2012, e assisti o Super Tardes Vodacom. Ouvi as
vozes que querem, ser estrelas sob alçada de uma mesa dos que seriam membros do
Júri, Ildo Ferreira e Lourena Nhate.
Duas visões gerais sobre esses dois
nomes:
Lourena Nhante – Vencedora ocupando
segundo lugar de um concurso de talentos da STV, Fama Show. Uma entre os poucos
sobreviventes desse concurso que era de âmbito nacional. Ao meu entender, ela é
uma artista em crescimento e até, de área definida. Aliás, Lourena Nhate já
pode ser vista como uma das que faz Pandza
com boa voz. Em fim, é artista com futuro, já que o presente lhe vai
sorrindo.
Ildo Ferreira – tenho pouca
informação sobre ele, já assisti alguns espectáculos seus e notei algum
profissionalismo, experiência na interpretação de músicas doutros autores. É
também um baterista moderado. Mas mais sobre ele, disse o poeta e nobre
jornalista cultural, Amin Nordine, ainda em vida, na sua coluna “Harpas e
Farpas” e passo a citar “(…) Por acaso nunca vi nada dele. Refere que já se
exibiu nos maiores restaurantes do mundo, aliás, nunca o vi a tocar música, mas
certas pessoas consideram-no músico de sacrários. Se é que já se exibiu nos
melhores restaurantes do mundo, convido-o a mostrar aqui na sua terra natal o
quanto vale como um menestrel” (ZAMBEZE,
21/10/10).
Finalmente, depois desta afirmação
do Amin, em que o Ildo chegou a obedecer, ao fazer o espectáculo transmitido
pela STV, começo a entrar no discurso deste músico no concurso de música do SÚPER
TARDES VODACOM em que ele aparece como um verdadeiro “momomo” como ele mesmo
chegou a dizer que não é, a uma das participantes que derramava lágrimas de
sangue, depois duma daquelas suas censuras cortantes. Entenda-se aqui, censura
não como uma tentativa de afinar os pontos tortos da pequena cantora que estava
desafinada ou qualquer outra coisa que ele, como músico e possível formador de
músicos (tomando em conta que para o concurso entram pessoas que tem a música
no empírico e que estão para aprender enquanto concorrem).
Ademais, do que importa ouvir um
músico “conceituado” num programa de descoberta e revelação de talentos a dizer
no tom de gozo “não adianta nem tentar cantar Roberto Carlos” a um adolescente
que se quer como futuro músico. Afinal, o que faz ele ali se não chacinar futuras
vedetas que passaram de castings para lá chegar? É importante tecer as críticas
de modo que tenham algum efeito proactivo para quem as recebe, principalmente
quando a ideia é formar.
Os bons que não só sabem que são,
mas que são reconhecidos, não perdem tempo em falar a toa como este júri faz.
Dizem o essencial. E o essencial, é dar as dicas de como se deve portar um bom
músico: colocação da voz, uso do microfone nas subidas e descidas de tom de
voz, a presença no palco, performance, e até, na escolha das músicas que os
concorrentes fazem as interpretações. Até porque, Ildo Ferreira, muito domina
esse trabalho de escolher músicas para (in)versar, então o que custa?
A STV e a Vodacom, os envolvidos
nesse projecto, devem agir de modo a trazer a paz psicológica dos concorrentes
e evitar que seja um júri a fazer o “show” que tem que vir dos músicos de palmo
e meio ali presentes.
Agora, a o que me parece, a STV até
apoia essa actuação do júri e ainda usa as intervenções como chamariz para o
programa, deixando manifestar-se, desse modo, a veia daquilo que chamam de “imprensa
independente” moçambicana que chega a separar as notícias em quentes e frias.
Cruz (se me permite a ousadia), entendo os argumentos que exibe no seu texto, mas considero-os injustos para as pessoas em causa, pois a responsabilidade não é sua. Para quem conhece o programa que criticou (e como você eu também critico), os membros do júri interpretam um papel (que não corresponde a quem são na realidade) mas que lhes é atribuído pela produtora do programa, a qual exige que se dirijam daquela forma aos concorrentes em busca das tão desejadas audiências televisivas, pois ao que parece num contexto global em qualquer país do mundo as pessoas divertem-se a ver alguns sonhadores sem talento serem humilhados. O programa foi criado por um senhor chamado Simon Cowell, muito conhecido no mundo inteiro, e que produziu diversos programas do género no Reino Unido e nos Estados Unidos e que muitos outros países adaptaram para exibição e com sucesso nas audiências, grande objectivo de todas as estações televisivas. Basta pesquisar um pouco e perceberá que a grande responsabilidade é das estações televisivas e que o único que podemos apontar aos membros do júri é o facto de colaborarem com essa forma de fazer televisão. Mas se não fossem estas pessoas, seriam outras certamente a fazer o mesmo papel.
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