segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

OS MELHORES DE 2015 NA CULTURA MOÇAMBICANA


ALBINO JORGE MBIE: este jovem moçambicano a estudar em Boston, nos estados unidos lançou seu primeiro álbum em 2012 “Mozambican Dance”. Um título sugestivo para um país que a música está como o desaire do Titanic. Com alguns deuses capazes de vaticinar o destino de uns e uns metidos a liberais mas que pouco compreendem se quer o que dizem. No colapso total de sentimentos vai a nossa música dançando ao ritmo dos seus autores que mal sabem explicar o que fazem. E no meio da penumbra chega-nos Albino Mbie para uma série de espectáculos em 2015, dois anos depois de ser consumido seu CD por um punhado de gente – como é hábito nestas bandas, quando o artista é de mão cheia não tem casa cheia. O jovem levou as suas músicas ao vivo para públicos de Maputo e da Beira. Todos os concertos foram marcantes. No seu estilo que funde os instrumentos fazendo um jazz que não nos leva distante de Moçambique vai sendo Albino um moçambicano de que nos podemos orgulhar aqui, nos Estados Unidos ou na Europa.  


DADIVO JOSÉ e MARIA ATÁLIA: quando o teatro é um mudus vivendu. Estes dois irmãos, actores e professores de teatro, pode ser que, como muitos da sua área, reclamem não viver de teatro – e com toda a razão todos quererem viver do que fazem e gostam, tal como um operário quer viver do seu salário. Tenho-os como um dos melhores de 2015 pelo facto deles VIVEREM O TEATRO e tê-lo como um instrumento de expressão social. No presente ano, a minha escolha destas figuras vai o peso do teatro educativo, num país em que as artes mais do que tudo é que assumiram a função de formar e educar. E o Grupo Mahamba de que fazem parte estes dois percorreu este país educando nas diversas frentes em plena tensão política que abre os jornais das principais televisões. Há-de se perceber não muito longe do tempo que o conceito de palco não muda de padrão, mas muda de abordagem pela qualidade dos seus protagonistas.


IRENE MUCUIU: Criou há cerca de três anos o jornal Debate, tendo o transformado nos últimos seis meses num jornal Cultural. Foram várias tentativas falhadas de se fazer um jornal de artes no país, é verdade, mas convenhamos que cada história é uma história. E se importa o agora, devemos então reconhecer o actual esforço e engrandecer o seu papel social. Este jornal é diferente à partida. É um benefício não só para a comunidade artística, mas e principalmente, para este país que se gaba de ter uma riqueza cultural em que nenhuma acção é feita para demonstrar esse facto. O jornal Debate é um espaço em que se reflecte e discute o Moçambique cultural, e se olharmos para os nossos jornais, vamos perceber que é o único espaço que ainda pode acalmar a nossa cede de ler jornais por paixão. Esta mulher sofre de uma loucura necessária. Leiam o jornal e vão perceber.


JOÃO RIBEIRO: os cineastas produzem filmes. Mas não é só de filmes que sobrevive a indústria. O que se chama indústria é uma “estrada circular” tem de unir vários pontos, e vários pontos juntos constituírem a sua robustez. João Ribeira mais uma vez trouxe-nos a SEMANA DO CINEMA AFRICANO, a terceira neste 2015. Um festival que já marca a agenda cultural nacional e que disfarça a dificuldade que tem os cineastas em produzirem filmes no país. Contudo aqui tem-se um palco onde podem desfilar os filmes não só nacionais como internacionais fazendo de Maputo uma cidade do cinema. Apesar das dificuldades que relata o director deste evento, deve receber o nosso reconhecimento pela coragem.  

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LUCÍLIO MANJATE, OSVALDO DAS NEVES e ALBINO MACUÁCUA: Ambos professores de literatura moçambicana na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane formam uma forte tríplice da crítica à literatura moçambicana. A publicação da sua obra “Literatura Moçambicana: Da Ameaça do Esquecimento à Urgência do Resgate” prova o bom percurso que procuram fazer num país em que já se reduz a crítica sobre a ausência da crítica. Fora do facto destes serem uma parte activa com participação em vários fóruns de debate literário, sempre mostrando a sua posição franca e pouco fatalista, porém reconhecendo os caminhos da qualidade que os poucos autores moçambicanos precisam trilhar. Eles merecem não só o respeito da academia, mas de toda a sociedade.


MARIA HELENA PINTO: escolheu a dança como sua vida. E como tal tem de fazer sempre alguma coisa. Destacada como uma das maiores coreógrafas e bailarinas nacionais, agora destaca-se pela ciência da própria dança. Lançou o livro “DERIVES CONTEMPORÂNEO” um grande contributo para a história da dança contemporânea no país. Devemos a partir daqui começar a falar desse estilo de dança como uma prática entre os moçambicanos. Afinal estávamos na penumbra, o que é isto? Éramos uma vez mais aqueles que sabem fazer e não sabem dizer. Maria Helena Pinto que se formou nesta área leva-nos então para uma janela que nos mostra o palco da dança contemporânea. Afinal a dança se escreve e explica-se….

2 comentários:

  1. É importante reconhecer quando ha trabalho, são meritosos os nomes destinguidos acima.
    Sou suspeito ao comentar sobre os escritos, pois conheço-os, em sua plenitude, acompanho seus trabalhos, por isso digo, ELES MERECEM. Faltou apenas a mensao de um movimento cujo nome nao me ocorre propositadamente, neste instante, mas o mesmo foi e é ate entao o protagonista do meior festival que a matola recebera ate entao. FALO DO FESTIVAL LITERATAS.

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  2. Viva amigo, fico feliz por ter correspondido as suas expectativas. De facto trata-se de um exercício que visa também chamar atenção das pessoas sobre o que de bom podemos colher na nossa sociedade e homenagear os que melhor fazem. Quanto ao Festival Literatas devido ao conflito de interesses, já que sou seu director, prefiro me contentar com os seus elogios.

    cumprimntos

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Edição 1 - Nós - Artes e Culturas

TV-NUMA PALESTRA COM ESCRITOR BRASILEIRO, RUBERVAM DU NASCIMENTO