Orlando Luís Bunga, dedica-se à arte de esculpir na província
de Gaza. Vindo da praia de Bilene, de onde é natural, imigrou para a capital
provincial a procura de maior espaço para expor as suas obras e interagir com
os demais artistas que achava que ia encontra. Mas foi o contrário. Nenhum
artista se encontrava à vista e assim sendo, desafiou a cidade fazendo as suas
obras e vendendo na rua.
Mais tarde segundo contou-nos, conheceu a Casa de Cultura
da província de Gaza onde teve a oportunidade de aliar-se tendo a sua obra
exposta permanentemente. a dois anos dedica-se inteiramente à arte e procura
dela viver. Contudo só consegue sobreviver, pois “há falta de espaço onde o
artista deveria estar lá a trocar ideias. Nós aqui na província de Gaza somos
mais acanhados, não somos vistos como o futuro de Moçambique. Por mais que
tentemos desta ou daquela maneira não temos quem nos apoie.”
O facto de obter algum insucesso nas vendas e até nos
apoios, causa algum desânimo não só da sua parte, mas de vários artistas da
província segundo o artista Bunga. Aliás, houve j’a da sua parte, tentativas de
unir os artistas aventando a hipótese de criarem uma associação local dos
artistas.
“Eu e alguns artistas estamos na casa da cultura que é onde
as nossas obras são expostas e vendidas. Outros andam por aí e só vem deixar as
obras. Muitos deles não são conhecidos porque deixam as obras e vão tentando a
vida por aí fora.”
“Quando cheguei em Xai-xai, tentei falar com alguns
artistas de modo que nos uníssemos e criássemos uma associação dos artistas.
Mas por causa da dificuldade que é maior e porque o número das vendas é
reduzida, cada artista tenta a sua maneira porque de facto o que eles querem é
o pão de cada dia.”
Entretanto, a pesar de enormes dificuldades que Orlando
Bunga disse serem enfrentadas por artistas de Xai-xai, ao mesmo tempo, o
escultor reconhece que há, pelo menos, uma tentativa de se ultrapassar alguns
problemas, pela Casa da Cultura local. A instituição tem envidado esforços para
congregar maior número de artistas possível e ainda, promover-se como um centro
onde se podem encontrar as obras de arte. É aliás, graças a isso que Bunga
afirma conseguir no mínimo, ter dinheiro diário para sobreviver, contrariamente
a o que acontecia na praia de Bilene, de onde vem.
“Em Xai-xai consigo vender algum objecto por dia, não
fico sem algum dinheiro para sustentar-me. Vendo por esse lado, tenho fé que um
dia as coisas podem melhorar e quem sabe posso sonhar em fazer a vida através
da arte.”
Vende, mas é pouco. Até porque nessas vendas, tem que
contar com o desconto que faz aos escassos clientes, na sua maioria da
província de Gaza.
“Para marcar o preço o artista avalia o trabalho, o tempo
e depois vai marcar o preço. No entanto é por defeito a vontade do comprador de
sempre reclamar o que muitas vezes nos obriga a descontar até porque os
trabalhos quando não se chega a esse desconto, acaba ficando muito tempo.
Sobre
Orlando Bunga
Falar de um artista é mais do que se viajar pelos seus
dados biográficos, é acima de tudo dar a conhecer o que ele faz, assim
considera Orlando Bunga que faz esculturas, decoração de chinelos e outras
obras artesanais que lhe saem não só pelas mãos, mas também pela cabeça, o que
o leva a afirmar que “faço aquilo em que quando acordo nesse dia dá-me vontade
de fazer porque um artista não pode ser estagnado, um artista é uma pessoa que
pensa isto e amanhã tem que pensar outra coisa. Contudo ele tem que ter uma
área onde se sente melhor.”
Bunga é exemplo de vários artistas que se pode encontrar
por este país cuja luta quotidiana ainda está por ser vencida.
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