Por Eduardo Quive
Saber cantar e cantar bem. Talvez
esteja a falar de dois desconhecidos na música moçambicana. Se tal facto for
verdade é mais uma daquelas injustiças que a boa arte dá aos verdadeiros
artistas. Porém, este Moçambique não me espanta quando assim procede, até
porque, o artista bom é, realmente, o que procede com o trabalho e, a fama, é
uma consequência desse árduo empenho. Relembrando José Luís Mendonça, director
do jornal “Cultura” de Angola, o maior problema que o mundo artístico enfrenta
é dos senhores que criam as portagens no caminho dos artistas. Aqueles que
dizem “o trabalho é o caminho, mas eu sou a portagem para chegares ao sucesso”.
Na literatura são os críticos literários, mas não um qualquer, deve ser o das
grandes universidades e o que os Mídias veneram. Mas na música, é diferente, o
que dita o sucesso é o dinheiro e o imediatismo medíocre.
Quanto mais dinheiro o músico
tiver, mais amiguinhos da comunicação social terá (locutores e apresentadores
de TV, afinal, a imprensa escrita quase que não tem jornalistas culturais);
quanto mais medíocre e imediatista for, e bom o suficiente para ajudar as
rádios, já barulhentas, a promover o ruído, há mais probabilidade de se sair bem.
Em fim, muitos problemas e
que, continuarão por mais tempo, pois, há todo um aparato, bem estruturado e
montado para garantir a proliferação dessa sujidade sonora. Temos, por um lado,
as grandes empresas que apoiam tudo que é de música e, por outro, a
cumplicidade da comunicação social, enquanto o cidadão, passivamente consome
sem nenhuma opção. Incrível, me parece que tal como a igreja Universal que
comprou espaço em quase todos canais de televisão, essa música também soube
garantir a sua esquina nos programas televisivos e radiofónicos.
Tive a honra de receber logo
que ficou pronta a nova música da dita “diva da marrabenta”, a cantora Neyma
Alfredo, com o título “Djin Ki dji ki dji”. Embora já sabendo de algumas recaídas
de qualidade da nossa Neyma, não faltou-me a curiosidade de ouvir de imediato
esse “single” que é proliferado por toda a cidade, com cartazes mais espalhados
que os próprios discos, com uma foto da artista em alusão.
Escutei a música sentado e
atento. Fiz questão de ouvir duas vezes, confesso que foi doloroso. Mas a
função de jornalista cultural obriga-me a ter essa paciência. Foi um total aborrecimento.
No momento pensei que fosse algo de errado a haver comigo, então, dei a mais
três pessoas para escutarem. Dois se quer quiseram ouvir de novo, uma pelo
menos dançou naquele ritmo estranho, com a voz da Neyma totalmente adulterada.
Ah! Também há que ter voz para cantar uma boa marrabenta como se pretende!
Pelo que ainda vou percebendo,
nem todas rádios fazem barrulho com tal música. Bom sinal. E penso que as
outras tinham que seguir pelo mesmo caminho. O Banco Comercial e de
Investimentos (BCI) tinha que ter pautado também por não pôr seu nobre nome na
tamanha podridão e insulto à boa música moçambicana do estilo marrabenta que
muito aprecio, conheço profundamente e vivo.
A verdade, senhoras e
senhores, que seja sabida de uma vez por todas, Neyma Alfredo, não é diva da marrabenta coisíssima nenhuma, muito
menos seja chamado “marrabenta”, nem por ela, nem por ninguém, aquele ruído electrónico
que é publicitado como “Anima Marrabenta”. Se a cantora insiste em chamar
aquilo de música, que dê outro nome. Mas marrabenta não. Nem como tal “diva”
nem como cantora de outras coisas, como bem sabe fazer, tem essa autonomia.
Aliás, pelo que me lembre, o
que tem mais, a cantora Neyma são passadas (o que pelo menos cantou com
empenho) que a música no estilo marrabenta. Como é que se tornou “DIVA DA
MARRABENTA”? O que é e o que fez para merecer tal título? Quem a atribuiu? E
que competências têm, as tais pessoas que lho deram o título?
Outra verdade importante é que,
é mais honrado quando o artista ganha os títulos por mérito, não pela gula do
que muito mal faz. E por último, não devia ser a imprensa a multiplicar esses
títulos. No papel de fazedores de opinião pública, críticos, “pessoas
conhecidas da matéria”, é importante saber-se fazer algumas perguntas, aquelas
que sei que muitos desses mass mídias
não têm obedecido: “Quem?, o quê?, porquê?, como?, quando?, onde? e como?”. E o
mais importante sempre fazer uma pergunta no final, “será que é socialmente
relevante?”
Assim poderemos dizer com
propriedade o que é música, marrabenta, ou qualquer outra mediocridade como nos
sugere esta cantora, não diva da marrabenta. E o medíocre deve ter o seu devido
tratamento, muito bem separado a o que merece o melhor.
Mesmo sem mais nada a dizer, é
bom lembrar que o País enferma de uma grande desgraça. Os títulos
autoproclamados. Primeiro foi Dilon Ndjindji a chamar-se de “rei da marrabenta”
e agora temos uma “diva da marrabenta”, isso, certos de que esse género musical
que já foi candidato à património da humanidade na UNESCO é definida por marcas
únicas e, ao que me parece, nos últimos tempos quase que difícil de ouvi-lo na
voz dos cantores, como puderam fazer os falecidos. Então honremos esses nossos
defuntos que merecem uma sucessão ao nível da sua vaidade e bom gosto.
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