segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sobre a acção da FIR na G4S: Ministro promete punir agentes espancadores


Por Eduardo Quive
Agentes da FIR que criaram um ambiente de carnificina na G4S

Alberto Mondlane, ministro do Interior prometeu, em Gaza, que os agentes da Força de Intervenção Rápida (FIR) que espancaram trabalhadores da empresa privada de segurança G4S após à paralisação laboral, serão responsabilizados e punidos pelas agressões cometidas contra os trabalhadores que se manifestavam pacificamente exigindo o pagamento de salários em atraso, remuneração de quatro horas de trabalho extraordinário por dia, o cálculo do salário em 12 horas e o cumprimento do horário de trabalho estipulado na legislação em vigor no país.

As instalações da G4S, na avenida do trabalho ficaram parcialmente danificadas, devido a manifestação de pouco mais de cem vigilantes dos turnos da noite, que alegavam cortes nos salários desde o mês de Janeiro último até esta parte.
Entretanto, um contingente da Força de Intervenção Rápida (FIR) supostamente solicitado pela direcção da empresa G4S para repor a ordem no local das manifestações recorreu ao uso excessivo da força para dispersar os manifestantes.
A FIR chegou ao local das manifestações enquanto os vigilantes apenas entoavam cânticos de repúdio contra o comportamento da entidade patronal e partiu para cima dos manifestantes usando de toda a força, metralhadoras e gás lacrimogéneo, instalando o pânico não só aos que se manifestavam, mas a outros que se encontravam a circular na avenida.
A FIR criou um ambiente de guerra em plena manhã, onde muitas outras empresas posicionadas na avenida do trabalho ficaram por instantes paradas e, sem necessidade.
Os agentes, gastaram as suas forças e começaram uma “busca”, aos socos, pontapés e outras torturas, após identificar e recolher eventuais promotores da paralisação.
Esta atitude, supostamente combinada e coordenada pela chefia da G4S mostrou aquilo que os trabalhadores alegavam em várias denúncias passadas, que a direcção da empresa estava nas mãos de racistas.

G4S em dívida com os trabalhadores
Os manifestantes tinham como exigências, o pagamento de salários em atraso, a remuneração referente a quatro horas de trabalho extraordinário por dia, o cálculo do salário em doze horas e o cumprimento do horário de trabalho estipulado na legislação em vigor no país.
Fazem ainda parte das reclamações, alegados descontos arbitrários a que os vigilantes dizem estar a ser sujeitos e ainda o direito ao décimo terceiro salário.
A greve, que se prolongou por toda a manhã da terça-feira, é justificada também pelo facto de um número considerável de trabalhadores continuar a ser alvo de perseguição racista protagonizados por alguns elementos da direcção da empresa, sob gestão de uma firma britânica.
Durante a greve, os vigilantes vandalizaram as infra-estruturas e equipamentos daquela unidade e queimaram pneus e outros materiais, actos que só terminaram com a fuga, para parte incerta, dos elementos da direcção da G4S que, na circunstância, se encontravam na avenida do Trabalho. Aliás, alguns manifestantes, chegaram a exigir que o patronato saísse para fora, de modo a discutir os seus problemas.
Segundo fontes que falaram a nossa reportagem no local, mesmo na correria promovida pelos agentes da FIR, explicaram que até se chegar a greve, foi devido a falta daquilo que chamaram de consideração pelo patronato, que trata-lhes como se não fossem parte da empresa tomando medidas sem sequer avaliar o impacto.
Os trabalhadores desta empresa que falaram na condição de anonimato, alegadamente por temer represálias, disseram que o acto foi convocado depois de a direcção da empresa não cumprir com a promessa de pagar os valores em atraso até a última terça-feira.
Ficámos a saber que os trabalhadores, reuniram na semana que antecedeu as manifestações, com a direcção, a Inspecção Geral do Trabalho e representantes do Ministério do Interior, num encontro que culminou com o acordo que instituía o recebimento do valor em dívida na terça-feira passada.
O vigilante que falou à nossa reportagem disse ainda que os grevistas protestavam a redução para metade dos seus salários mensais, a sobrecarga horária, bem como a não permissão para o gozo das licenças disciplinares, problemas que pareciam ter sido sanados nos últimos encontros entre as partes interessadas.
Pedro Baltazar, administrador delegado adjunto da G4S, reconheceu as reclamações dos trabalhadores, particularmente na questão dos cortes salariais, afirmando que a situação tinha sido causada por alguma complicação bancária.
Segundo Baltazar, não havia razão para tamanhos desmandos, porque, como disse, o processo já tinha sido explicado aos trabalhadores e que os bancos já começaram a pagar os valores em falta.
Sabe-se que a Inspecção Geral do Trabalho tinha convocado a G4S para, uma vez mais, se inteirar da situação dos trabalhadores que, há já algum tempo, exigem o pagamento dos descontos.

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