sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

“Não há tractor para lixo, mas para destruir barracas são tantos”



O recolher obrigatório se instalou ao longo da avenida das Indústrias no município da Matola, numa decisão do Conselho Municipal de demolir as barracas que estavam nas bermas da estrada. Entretanto, os proprietários das mesmas mostraram-se indignados com a atitude da edilidade e garantem que não ouve aviso sobre a data das demolições que ocorreram na quarta-feira passada.

O Conselho Municipal da Cidade da Matola, procedeu na manhã da quarta-feira da semana passada, a demolição de barracas construídas ao longo da avenida das Indústrias, e no bairro da Liberdade, uma acção que deixou de mãos atadas os proprietários das mesmas.

Segundo os mesmos, a edilidade, não recorreu a mecanismos correctos para demolir os seus estabelecimentos, pois, apesar de já ter os informados sobre o facto, não disse quando o faria.

“Isto é uma desgraça total, não dizem nada, de repente chegam e destroem e como se não bastasse nem se quer nos dizem para onde devemos ir, no mercado da Liberdade onde dizem que devemos ir não há espaço, o que querem que a gente faça?”

Depoimento de Eurico Mondlane, proprietário de uma das barracas demolidas na terminal do Bairro liberdade, uma zona vulgarmente chamada por Expresso, onde muitas bancas sofreram os efeitos desta medida.

Este cidadão, foi mais além “foi muito dinheiro investido nesta barracas, neste momento não sei dizer exactamente quanto em termos de mercadoria, mas a infra-estrutura que é este contentor e o espaço que está instalado, foram 450 mil meticais e tenho documentos que regulariam”.

Outro vendedores, enquanto distruiam já irritados com a medida, exigiam que fossem indicados o espaço em que devem implantar as suas bancas e atiravam pedras para os funcionários do municípios, particularmente aos que retiravam o entulho, pelo tractor.

“Os tractores quando é para remover lixo não vem e nem o escavador organiza as lixeiras, mas hoje que é para desgraçar a população são vários. Nós não entendemos o Arão Nhancale, viveu neste bairro e sempre foi cliente nosso, mendigou nosso voto e agora está aqui a cuspir no prato em que comeu.”

O desabafo dos vendedores, aconteciam acompanhados de panfletos que transmetiam mensagens de revolta contra a edilidade, por alguns instantes instalou-se o caus, mas em nada resultou, foram até feitas barreiras nas estradas por onde alguns veículos eram interditos de passarem, como reivindicação.

Outros cidadãos com barracas ainda nos lugares ditos impróprios, já receberam ultimatos, apesar de não terem sido demolidos os seus estabelecimentos.

Ao que contaram-nos, a edilidade chefiada por Arão Nhancale, pretende tira-los para mercados situados nos bairros de Kongolote, Tsalala, Liqueleva, entre outros.

Município foi cúmplice da Ilegalidade

Por outro lado, uma vez o Conselho Municipal cobrar taxas aos que vendiam em lugares impróprios, as entidades que muito dizem-se conhecer as legalidades, não tinham que compactuarem com a acção e até tinham que repudiar no princípio, contrariamente o que na Matola acontece.

Em vários mercados existem vendedores em lugares impróprios, mas mesmo assim, o município, aproveita para tirar proveito enquanto estes permanecem. Aliás, mesmo depois da demolição das barracas, verificamos que no dia seguinte, alguns vendedores permaneciam e garantiram terem pagado taxa diária aos fiscais, uma atitude que não torna a actividade ilegal, segundo a edilidade, numa fonte de renda para os cofres do Estado.

Até nos vulgos “dumbanengues”, onde a policia municipal tem usado a forçam, meia volta, o município volta a cobrar os mesmos vendedores a taxa de quatro meticais por dia. Daí que restam dúvidas quanto a nós sobre os verdadeiros interesses das autoridades, que dizem estar a efectuar uma “limpeza na autarquia e melhorar as condições”.

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