Trabalhadores protestam salário magro
Por Eduardo Quive
A Companhia Industrial da Matola (CIM) foi durante quatro dias alvo da paralisação laboral por parte dos trabalhadores, que reivindicavam o aumento salarial em conformidade com a produção e pagamento de horas extras. Entretanto, a massa laboral voltou a labutar condicionalmente depois do patronato ter prometido, em poucos dias, discutir com o comité sindical visando encontrar a solução do problema.
Os trabalhadores da Companhia Industrial da Matola paralisaram durante semana finda, a actividade laboral, em protesto à uma série de irregularidades supostamente protagonizadas pela entidade patronal daquela empresa.
Entre outras coisas, os trabalhadores exigiam aumento salarial em conformidade com a produção da empresa e o pagamento de horas extras, para além do afastamento de dois gestores da empresa, concretamente o chefe dos recursos humanos, Samuel Maputso e o director das operações, Luís Aveleira, alegadamente por serem mentores das desigualdades no tratamento da massa laboral da CIM.
O secretário do comité sindical dos trabalhadores da CIM, Cláudio Muianga, disse que a paralisação das actividades é o culminar de sucessivas falhas nas negociações com a direcção da empresa visando à melhoria da situação salarial da classe trabalhadora.
Muianga disse que para além do reajuste salarial, os trabalhadores reclamam a falta de equipamentos básicos de higiene e segurança, assim como a falta de respeito para com os trabalhadores e a alegada discriminação racial, supostamente perpetradas pela direcção da empresa.
Entretanto, enquanto a maior parte dos 648 trabalhadores da CIM se encontrava fora das instalações em protesto contra as alegadas irregularidades, uma minoria afecta ao sector administrativo continuava a trabalhar normalmente.
Esta situação criou um certo descontentamento no seio da maioria que se sente traída pelos colegas.
A nossa equipa de reportagem tentou ouvir a direcção da CIM mas os agentes da segurança impediram o acesso ao interior das instalações, alegadamente por terem recebido ordens superiores para não deixarem entrar nenhum jornalista.
Actualmente, os trabalhadores auferem um mínimo de 2.100,00 meticais e exigem aumento para 5.000,00 meticais.
Depois do desentendimento entre patronato e sindicato, DPTM entra em negociações
A direcção provincial do Trabalho de Maputo está a mediar a crise laboral e terça-feira finda reuniu-se com o patronato e o comité sindical, numa reunião que durou quatro horas nas instalações da CIM, depois da agitação que obrigou à intervenção da Força de Intervenção Rápida.
A direcção provincial do Trabalho, esteve representada pelo próprio director, para resolver a questão dos operários que desde manhã de segunda-feira observavam uma greve.
Este assunto e as reivindicações dos trabalhadores, entre as quais a subida de 2.100 para 5.000 meticais de salário e melhorar a qualificação dos trabalhadores nas carreiras profissionais, foram revistos pelas partes.
O acordo entre as três partes era no sentido de convencer os trabalhadores grevistas a retomarem os seus postos de trabalho e continuar a negociar.
Os sindicalistas foram depois reunir-se com o grupo amotinado a 500 metros da empresa.
Apresentaram o pedido do patronato para regressarem ao trabalho e negociarem com a empresa enquanto trabalham os três pontos acordados: a negociação do salário mínimo, verificação dos problemas das carreiras e a definição do qualificador dos trabalhadores.
Estes três problemas principais os grevistas diziam que há mais de um ano estão a ser discutidos com o patronato sem nenhum consenso, o que lhes fazia estarem relutantes em voltar ao trabalho.
Patronato diz que a greve é ilegal
Por seu turno, a direcção da CIM diz que a greve é ilegal porque em nenhum momento os trabalhadores apresentaram caderno reivindicativo. Já a somar avultados prejuízos financeiros decorrentes da paralisação laboral, a CIM garante que vai observar a lei e se necessário recorrer à alternativas para funcionamento da empresa.
As alternativas admitidas pela empresa podem passar pela contratação de trabalhadores eventuais, mas isso só depois de esgotado o espaço de negociação previsto na lei.
A CIM, depois do silêncio sobre o assunto, aceitou falar á imprensa para apresentar comunicado com vários pontos, dentre eles, a sua indignação pela atitude dos trabalhadores, que desde segunda-feira não entravam para as instalações da empresa em reivindicação do aumento salarial em mais de 100 por cento e outros benefícios que dizem estar em falta.
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