O Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC) realizou
a 19 de Setembro corrente uma palestra sobre “Que critérios são usados para a
selecção das notícias sobre Cultura? VS A comunicação
Social na valorização das artes e cultura”. Na ocasião os oradores sublinharam
que a elevação das artes no País passa pela necessidade de um trabalho
integrado a ser levado a cabo pelos gestores culturais e jornalistas.
A palestra teve como oradores: Gil Filipe, editor do suplemento cultural do
Jornal Notícias, Belmiro Adamugy, subchefe de redacção do Jornal Domingo e
Policarpo Mapengo, editor do Jornal Negócios, tendo sido este último, editor
cultural em vários órgãos de imprensa, nacionais.
Segundo Belmiro Adamugy, falando à comunidade académica do ISArC, “é
difícil dizer como se selecciona uma informação para figurar numa determinada
página do jornal como notícia. Contudo, existem critérios ao cobro da política
editorial, que é uma espécie de constituição ou bíblia que rege um determinado
órgão de informação”.
Para Belmiro Adamugy qualquer informação pode ser seleccionada como
notícia, desde que seja de interesse público e que não entre em choque com a
política editorial desse mesmo órgão.
O mesmo disse ainda que o jornal Domingo privilegia essencialmente a
cultura e que a publicação dessas notícias poderia ser mais dinâmica e
interessante se houvesse gestores
culturais proactivos.
Segundo Adamugy os gestores culturais são responsáveis pela criação de uma
indústria cultural rentável, a partir de uma configuração bem estruturada para
elevar a cultura e o trabalho artístico nacional.
A relação entre a comunicação social e os gestores culturais, segundo
Adamugy, é fundamental, cabendo a estes montar um esquema irrepreensível para a
divulgação das artes e da cultura.
“O jornalista cultural não pode por si só trazer informações relevantes,
sem que hajam bons gestores culturais para servirem de elo de ligação entre
este, artistas e as suas obras. Sendo assim, o orador exortou aos estudantes de
gestão cultural a apostarem na busca de excelência no seu trabalho com vista a
contribuir para a valorização das artes no País.
Por seu Turno Gil Filipe, disse que a cultura vem ganhando espaço na
comunicação social de forma significativa.
Tomando como exemplo o Jornal Notícias, o mais antigo e maior do País,
sendo também onde exerce sua função, disse que aquele jornal teve desde a sua
fundação em 1926, um espaço para a cultura, o que mostra que sempre se
preocupou com as questões culturais.
Quanto aos critérios de selecção de notícias sobre cultura, Gil Filipe destacou
a abrangência, ou seja, o interesse público, dando primazia ao local e depois
ao internacional.
“No entanto, há que reconhecer que houve uma grande melhoria em termos de
espaço destinado à cultura, se tomarmos em conta que antes era apenas uma
página para informações artístico-culturais do País inteiro, e hoje um
suplemento de oito páginas só de cultura e sem informação meramente
publicitária”, disse Gil Filipe.
Por outro lado disse também que com a introdução do suplemento cultural no Jornal
Notícias tornou-se possível abranger todo o território nacional em termos de
informações culturais.
“Contrariamente ao passado, tínhamos 90 porcento de notícias de Maputo e
dez porcento das cidades da Beira e de Nampula”, disse Gil Filipe acrescentando
que, “hoje, com o suplemento cultural, temos 25 porcento de notícias de Maputo
e 75 colhidas em todo o resto do País.
Por se turno Policarpo Mapengo disse
que há muita coisa por detrás da selecção de uma determinada informação como
notícia. Destacou no entanto, a proximidade, inspiração do jornalista bem como
em alguns casos, a participação deste no assunto.
Segundo Mapengo é importante que a notícia não entre em conflito com as
políticas, não só editoriais, mas também, as vigentes no País, impostas pelo
regime do dia.
“Fora do factor novidade, deve haver um pensamento embutido na notícia”, o
que é segundo Mapengo, “fundamental para construção e desenvolvimento cultural”.
Ainda na ocasião Policarpo Mapengo enalteceu o papel da comunicação social
na valorização das artes e cultura, e disse que é a partir dela que se pode
projectar a imagem do artista e a sua obra para o mundo.
“O produto do artista, quando devidamente concebido e publicado pode
desenvolver, primeiro ao próprio artista financeiramente e ainda a economia do País.
Daí que os gestores culturais jogam um papel chave na valorização das artes e
cultura”, concluiu.
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