Nada melhor que celebrar os 15 anos de carreira como investigador e pesquisador cultural, com grande mérito nas artes moçambicanas. Na passada sexta-feira em Maputo, Júlio Silva apresentou um dos resultados do seu trabalho ao longo dos anos pela arte nacional, com um filme que aborda as línguas nacionais e alguns hábitos e costumes. “Chikwembo”, não vem apenas dos espíritos, vem principalmente do estilo característico de um povo com diversidade cultural apresentado em ficção.
“É um filme realizado por moçambicanos para moçambicanos, gravado na província de Gaza, legendado em changana e traduzido para língua portuguesa que aborda problemas das comunidades rurais.”
“Um filme de ficção em longa-metragem, com uma hora e cinco minutos, abordando temas como aborto, obscurantismo, feitiçaria e curandeirismo (diferença entre um e o outro) e o problema de extracção de órgãos. Aborda também a riqueza da vida selvagem e é por isso que estivemos na reserva de Caça do Banhine e do Limpopo a fazer as filmagens” – descreveu o autor.
Júlio Silva que implanta as suas raízes no desenvolvimento e descoberta de qualidades culturais de Moçambique há 15 anos, contou pessoalmente as emoções da sua obra-prima, importante nas artes.
Chikwembu ou “Feitiço” é uma revelação de um mosaico cultural característico do nosso país, mas que há muito se esconde nas bermas da falta de recursos e criação. Mas desta vez chegou e não vai passar despercebido pela qualidade que apresenta.
“É o primeiro filme que aborda as línguas nacionais, uma vez que tenho um projecto de fazer filmes com as línguas nacionais.”
“O meu objectivo foi de mudar o cenário actual do cinema em Moçambique, fazer cinema para nós, contando as histórias do nosso povo em ficção para os telespectadores e os amantes do cinema em geral, de modo que façamos um cinema que o povo perceba a sua história e entre dentro do cinema, o que não tem acontecido nos últimos anos.”
“O cinema moçambicano tem andado um pouco escondido, as pessoas não entendem as mensagens e a maioria do povo rural, não percebe o português”, disse Silva.
O Investigador diz estar preocupado em fazer filmes de forma que o povo perceba os seus próprios filmes e as suas histórias. “Um filme de Moçambique para Moçambique”, de modo que o povo se identifique no que vê e o que se retrata.
Depois de lançado na sexta-feira, no Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema (INAC), em Maputo, “Chikwembo”, vai desfilar nas televisões nacionais e internacionais, será exibido igualmente na China, portanto, está neste momento procede-se a tradução em Chinês e será apresentado num festival, em Setembro próximo.
Entretanto, está em estudo um mecanismo para a produção e reprodução do filme em DVD de modo a estar à disposição dos moçambicanos. Por outro lado, estiveram envolvidos nesta longa-metragem, um grupo teatral amador do distrito de Chibuto da província de Gaza, curandeiras que responsabilizaram-se pela demonstração dos ritos envolvidos no filme e cerca de 25 actores de várias idades.
Ainda no evento, Júlio Silva fez a apresentação de uma colectânea de dez DVD's produzidos no âmbito das pesquisas feitas pelo investigador ao longo dos seus 15 anos de carreira assinalados no presente ano.
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