quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Relação assexuada com Xiluva

Xiguiana da luz


Seria uma oportunidade única de envolver – me com aquela que enfeitiçou todos os homens da zona, incluindo a minha limitada masculinidade, quando submetida a ambições sexuais.
Rosas que brilham cheias de cravos, águas que furam em fúria o chão dos meus pés, ambos procuram dizer coisas que nunca percebi, aliás, sempre questionei o porquê de serem ditas aos meus ouvidos, já saciados de frustrações pelos pecados carnívoros, que puseram entre parênteses os planos divinos, de ver o mundo multiplicando-se sexuada mente.
Os rapazes da zona já não a chamavam Flor, o diminutivo do seu verdadeiro nome, Florinda, tratavam-na de Xiluva, entre as narinas sufocadas pelo cheiro que fumigava a cada passo que passava.
Os velhos Mbisse e Mausse, os maiores conservadores do Nkomane, se contorciam, na passagem da donzela tricolor, de pernas, seios e lábios elogiados, pelos olhos cegos da humanidade, que olhavam para além da sua idade, cuja mesma não tem nada a ver com a tamanha ambição da sua natureza demasiada, que entra em cólera quando encontra-se com os planos da sua cabecinha.
Ninguém a deixava sonhar, nem tinha tempo para questionar as razões de alguns aspectos selvagens, que aconteciam com as outras meninas da zona, que contrariavam tudo e todos quando se tratava de Xitxuketa, no quintal dos velhos Mbisse e Mausse, viúvos mais temidos da zona, pelos ataques às virgem, respeitando as suas professias.
De noite os morcegos chamavam-me, enquanto isso os gatos entoavam os vulgares hinos, típicos da escuridão que dava o acesso aos abandonos dos caprichos da idade, algumas meninas abandonavam heroicamente a virgindade e gritavam o sexo como se fossem patas, patos e filhos de patos, lambuzando-se uns com os outros afincadamente, como se de uma missão divina se tratasse.
Os meus olhos só tinham uma intenção, Xiluva.
Dos homens sexuados do Nkomane, que não perdoavam, muito menos respeitavam as regras tribais que dominavam a altura, não tratava-se de uma tribo, mas de uma cúpula de vagineiros que vitoriosamente, punham em causa o uso das capulanas, a conservação e a protecção das donzelas até ao casamento.
E cada intenção de aproximar-me à Xiluva dos homens, ficava cada vez mais dependente dos meus sonhos e ambições.
A coragem dos homens, sexuados do Nkomane, ascendia a minha, de crescer e construir do suor próprio no canto do quintal do meu pai, uma casinha de caniço para demonstrar a maturidade, e depois ter os meus próprios bois.
Xiluva, não queria nada disso, queria sapato alto, cabelos de broncos, saiinhas e homens espertos da cidade, que sabiam beijar como na novela e fazer sexo do jeito dela. Aquela flor tricolor dos meus sonhos, era de todos, menos eu.
A minha ambição só me cegava às razões espertas da mulher com um peito assustador, com lábios pintados a vermelho, que despedaçava agressivamente o meu coração, procurando sonhar, pelo menos com uma ideia inédita par ate-la.
O tempo parou, tudo desapareceu do real, os morcegos já diziam suavemente o meu nome, os gatos, esses faziam-se de ópera sagrada, vinda dos anjos em forma de estrelas que chamam o mundo à realizar os sonhos.
No tecto da minha casa, caíam algumas gotas de chuva, o vento soprava ao meu favor, tudo chamava-me de merecedor naquela noite.
A minha voz soltava em coro o nome dela, no fundo ouvia-se um blues em bitonga e por outro lado o calor, excitava-me, rebolei sem fôlego, a respiração agradava-me, o orgasmo e…
A vontade de entregar-me à Xiluva concretizar-se-ia, naquela noite, seria naquela ejaculação que conquistaria o eterno amor da Florinda.
É assim sempre, até que acorde…

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
Amem.

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