terça-feira, 21 de setembro de 2010
Luísa Diogo admitiu ter mentido quando era PM
Luísa Diogo considerou as decisões tomadas pelo governo para abafar a “greve” no princípio deste mês, de medidas transitórias e que a curto prazo serão repensadas.
Por Eduardo Quive (Escorpião)
Foto de Rogerio Manhique
Os contornos da crise económica e financeira mundial em Moçambique foram os mais inesperados, principalmente depois da garantia do governo de que a crise não afectaria de modo algum ao nosso país, daí que os moçambicanos tinham de ficar “tranquilos” e sossegados na sombra da bananeira.
Uma das personagens desta acção tranquilizadora movida pelo governo de Armando Guebuza no mandato transacto, foi a antiga Primeira-Ministra, Luísa Dias Diogo, que com as suas próprias palavras, garantiu a nação que a “a maldição” que afectou o mundo a partir dos Estados Unidos da América não afectaria Moçambique, porque havia formado uma frente, mesmo sem se dizer qual, para fazer face à crise.
Volvidos alguns meses depois da sua exoneração do cargo de PM, imprevisível e inevitavelmente, Luísa Diogo volta a tocar no assunto quando surpreendida por uma inquietação, no fórum empresarial da Matola, que teve lugar na última quarta-feira naquela urbe.
Gabriel Mufundice, convidado ao fórum na qualidade de ouvinte assíduo da Rádio Moçambique, foi quem se dirigiu à então PM proferindo o seguinte desabafo: “eu não estou feliz consigo senhora Luísa Diogo, porque quando era PM falou no programa Café da Manhã da Rádio Moçambique, que a crise não chegaria ao nosso país, mas agora temos até greves por causa de subida de preços no estrangeiro e o governo não consegue controlar a situação por causa dessa crise”.
“Tenho certeza que disse isso porque na altura era PM e estava no poder. Você fala coisas bonitas como ouvimos agora, mas não deveria ter mentido para o povo naquela altura”, desabafou Mufundice entre mais de 250 empresários, embaixadores, presidentes de municípios do país e do estrangeiro entre outras personalidades de respeito no panorama político e empresarial nacional e internacional.
Em resposta à indignação daquele cidadão, Luísa Diogo agradeceu a sinceridade e considerou de seu amigo, e disse: “de facto não fui coerente quando era PM” para de seguida justificar a sua falta à verdade, como um problema de comunicação entre o governo e o cidadão.
“A falta de dinheiro a nível internacional fez-se sentir nos produtos de importação como alumínio e isto aconteceu igualmente no sector de turismo e nos transportes aéreos, e o governo não soube explicar isto ao povo”.
Por outro lado, Diogo disse que não queria que o país entrasse em pânico “a crise teve duas fazes: a primeira foi a de falência dos bancos, onde vimos os maiores bancos a nível internacional a falir, mesmo a nível de Moçambique o Banco Austral oscilou e tivemos que injectar fundos. A segunda fase foi a crise financeira, onde empresas entram em crise e começaram fechar, aí tinha que se tomar cuidado nas importações, porque não havia dinheiro a nível internacional. Essa crise foi a que atingiu o nosso país e não a primeira, que foi a financeira”, explicou Luísa Diogo agora deputada da Assembleia da República.
Por outro lado, Diogo considerou as medidas tomadas pelo governo para abafar a “greve” do princípio deste mês, de medidas transitórias, sendo que precisa-se do momento acelerar a produção e produtividade.
A pobreza urbana é que originou os tumultos vividos na capital e arredores, caracterizados pela abundância de jovens com formação do ensino médio e superior concluídos, mas sem emprego, fenómeno que em Moçambique é novo, na opinião desta, que considera isso como um grande perigo para o desenvolvimento, tendo em conta que há jovens sem formação mas que também precisam de emprego.
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