terça-feira, 31 de julho de 2012

Uma sociedade deprimida ou psicopata?




Se por um lado, nas sociedades contemporâneas, pessoas de diversas origens e orientações alegram-se, gritam, celebram, por outro, algumas são açoitadas por inúmeras crises: uivam, lamentam, clamam por apoio mas infelizmente ninguém lhes ouve. Por isso, na sua solidão, engendram grandíloquas revoltas. É a par desta realidade que se edifica uma sociedade deprimida e psicopata. Psicose 4:48, a obra teatral encenada por Maria Atália, pode ser um ponto de vista (válido) sobre o modus vivendi dos moçambicanos.
A obra que já foi exibida em Maputo é inspirada no monólogo com o mesmo título escrito por Sarah Kane, a dramaturga inglesa, a qual se adaptou para a realidade moçambicana.
Verdadeira manifestação de arte que é, em Psicose 4: 48 encontram-se inúmeras crises vividas por uma mulher que é interpretada pela jovem actriz moçambicana Violeta Mbilale. A personagem, uma representação social da vida real e da irreal, encarna um conjunto de transformações que a colocam nos interstícios da sanidade mental e da demência. Diante das cenas da peça, imediatamente recordamo-nos da realidade urbana narrada pelo célebre escritor moçambicano, Marcelo Panguana, na sua obra Como Um Louco ao Fim da Tarde.
A prevalência de pessoas humanas num espaço social, como Moçambique, em que a busca desenfreada pelo dinheiro debilitou os demais valores morais e sociais a favor de intrigas, contendas, criminalidade e inveja: “como garantir a sobrevivência? Onde e como adquirir víveres?”, duas questões cuja sua (re)formulação é constantemente premente.
A escassez de víveres, a crise alimentar, além de um clima de insatisfação social, de revolta, de perseguições, fecundou uma série de psicopatias e vícios no espaço social: há demasiada criminalidade, as pessoas prostituem- se para garantir o pão de cada dia, o desespero glori ficou o consumo de drogas como um método de aliviar a pressão do custo de vista.
Quantas vezes a intolerância dos Homens entre si – como, por exemplo, o caso dos transportadores públicos em Maputo – não resulta em incidentes? Diariamente, os cidadãos maputenses fazem-se à rua com alguma preocupação na mente – escassez do tempo para as suas actividades, falta de emprego e bens materiais, por exemplo –, o que faz com que muitos deles, se não contratam os serviços de alguns médicos tradicionais a fim de garantirem algum sucesso nas suas buscas, associam-se às diversas formações religiosas que modi ficaram completamente o cenário da capital.
O que se pretende considerar é que, quer Marcelo Panguane, quer Maria Atália – nas suas obras, apesar de diferentes – falam sobre Moçambique. Um aspecto peculiar é que em relação à actriz Atália, a obra Psicose 4: 48 assinala a sua aprendizagem na sua formação teatral, ao mesmo tempo que lhe confere a primeira aparição pública no fim do curso.
De uma ou de outra forma, se tomarmos em consideração que Psicose 4: 48 é uma obra que originariamente aborda a sociedade ocidental, é natural que se questione a relação que existe entre a mesma e Moçambique.
“O ocidente, como espaço social, percorre-me a mente já há bastante tempo. Residiu em mim até que surgiu esta vontade de partilhar a minha experiência com os outros. Capitalizei os fragmentos da vida europeia com os quais me identifiquei como moçambicana”, diz ao mesmo tempo que adverte: “não estou a retratar a vida de todos os moçambicanos. Qualquer pessoa que vir a peça certamente que se identificará com alguma passagem. Além do mais todos nós temos um pouco de depressão, de amor por dar, de alguma carência em termos de afecto, o que não significa que todos os nosso dias sejam cheios de problemas e/ou de sucessos”.

Um encontro com a Psicose


De acordo com a encenadora, a sua relação com a obra Psicose 4: 48 existe há mais de um ano. No entanto, a sua encenação ocorreu em apenas duas semanas, o que em grande parte só foi possível como resultado da exibilidade da actriz Violeta Mbilale.
De uma ou de outra forma, se considerarmos que a personagem que interpreta a Psicose 4: 48 é quase louca, também é natural que se questione a reacção de Violeta quando soube que se tinha que tornar numa demente.
É que ela, a actriz, devia rapar o cabelo – o que logo à partida era impensável –, segundo, conviver com pessoas com distúrbios mentais, por exemplo, condições perante as quais Violeta não se mostrou favorável a adoptá-las. Aliás, não lhe faltaram argumentos: “temo pela minha saúde mental depois de realizar esta obra”, disse Mbilale.
Para convencer a artista de que era capaz de interpretar a obra Psicose – nas condições predefinidas – Maria Atália explica o ritual por si inventado: “tivemos inúmeras sessões de leitura do texto; visitámos os locais frequentados por pessoas que padecem de psicoses; paulatinamente, além de enraizar em si as regras do jogo deu-se conta de que era capaz levá-la a cabo”.
Há quem acredita que encenar a peça de Sarah Kane, por Maria Atália, é como se fosse um encontrou com ambas as artistas. A par disso, Maria Atália recorda-se de que durante a sua formação em Teatro, um dos seus professores considerava que ela uma tinha uma peculiar forma de percepção teatral que lhe recordava Sarah Kane, o que “o moveu a aconselhar-me a ler as suas obras”.
Afinal, de facto, “existia algo em comum entre nós. Cada vez que eu lesse um texto da sua autoria, ia-me identificando cada vez mais com a dramaturga”, realça Atália.
Refira-se que Sarah Kane, que encontrou a morte em 1999, com apenas 28 anos, por enforcamento – sofreu de depressão tendo sido internada por duas vezes em hospitais psiquiátricos até que tentou suicidar-se – é considerada a mãe do caos, ao mesmo tempo que, geralmente, as personagens das suas obras são caracterizadas como psicologicamente profundas com imagens agressivas e chocantes, o que em último grau valeu-lhe o título de maior dramaturga inglesa do século XX.
Foi desse modo que a relação entre a Sarah e Atália foi construída de modo que, na altura de realizar a sua monografia, Teatralização do Ritual, Maria Atália, com uma enorme base teórica, se questionou: “porque não trabalhar com a obra de Sarah Kane se ela possui uma série de criações com profundas semelhanças em relação ao meu universo ritualístico?”
Com a decisão tomada, a encenadora colocou as mãos à obra: no interior da província de Maputo, escolheu o distrito de Marracuene, onde procurou essencialmente compreender os rituais das povoações locais com particular destaque para as pessoas que padecem de psicose.
“Os resultados eram animadores e satisfatórios. De cada vez que eu falasse com alguém ou visse uma pessoa com uma manifestação de psicose, a minha vontade de perceber a manifestação evoluía continuamente”, comenta.
Relativamente à Psicose 4: 48, a produção explica que “a fala seca, precisa, por vezes gutural, funciona como extensão deste ´corpo` cuja voz e discurso são explorados até à exaustão.
As identidades desfeitas ou não fixas também são características presentes neste espectáculo, em que o lugar donde a voz fala é constantemente desestabilizado”, ao passo que “o tempo (...) é tratado ora de modo impreciso, ora obedecendo a um ritmo rigoroso, é desconstruído por elementos diversos como a repetição, a desarticulação da fala, as respirações pontuadas, os gritos quase demoníacos, etc. O espaço também instável é igualmente violentado e ganha mobilidade”.
Na cena da obra, o problema da mulher que padece de psicose é que ela carece de afecto, precisa de alguém que se aproxime de si e, pior ainda, possui uma dupla personalidade. Vezes sem conta, ela discute com uma figura masculina que se apossou do seu corpo dirigindo o seu comportamento. “Nós, em Moçambique, temos pessoas com essas dificuldades”, comenta Atália acrescentando que o lamentável é que nem sempre a psicose é percebida.
No entanto, ao abrigo do trabalho que realizou no contexto da sua pesquisa em Marracuene, Maria Atália introduz um novo aporte sobre a psicose: há um fenómeno chamado Ku Tsameliwa que se manifesta sempre que uma mulher é dominada por espíritos demoníacos os quais repelem os homens que se aproximam de si para manterem relações eróticas. “Muitos desses casos têm motivado os homens a abandonar as mulheres”, considera Atália.

Mukwarura (re)forma prostitutas!


Escritor Mukwarura


Maputo pode ter sido a terra que o viu nascer. No entanto, o seu pendor para a escrita desabrochou em Niassa, a mesma província de que é originário o mítico e tradicional músico moçambicano Matchioguezi, onde se deixou moldar pelas exigências do jornalismo até tornar-se escriba. Para si, a literatura é uma forma de fecundar a vida. No seu primeiro livro, Francelin Wilson propõe-se reformar a prostituta.
“Venho da Rua 507. Da rua da minha juventude perdida. Da rua da minha virgindade desflorada. Da rua que vos pariu, fardos da vida que não mais tenho (…). Agarro nas três lágrimas que chuviscam sobre o meu semblante para que não caiam (…). Qualquer dia vocês precipitarão meu enterro, já que a vida há muito perdemos, e hoje apenas deambulamos pelos ares que sorvemos desta terra desconhecida” (sic).
Assim introduz a sua obra Francelin Wilson que também se chama Mukwarura, identidade que usa para assinar a sua obra. Trata-se de uma escrita cortante que o autor propõe na obra Nykonkwe a Reforma da Prostituta. A mesma foi publicada no ano 2010 sob a chancela da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO). Um instrumento de comunicação que é, a Reforma da Prostituta reporta as várias dimensões da realidade feminina, com particular enfoque para a prostituição.
De qualquer modo, que leituras Mukwarura fez para chegar ao estágio de convulsão criativa, abolindo a boa imagem que se tem sobre a mulher, como forma de revelar algumas verdades sobre a prostituição?
Pelo que soubemos do próprio autor, as obras de Paulina Chiziane – que, em certo sentido, o transportam para o complexo mundo da realidade feminina – é que o instigaram a realizar a sua (...) Reforma da Prostituta.
Ou seja, envolvido nas obras de Chiziane, as quais chama feministas, Francelin decidiu retratar a vivência das mulheres, mas desta vez, fazendo, no seu entender, de forma diferente à feita por Paulina: “para falar das trabalhadoras de sexo, as prostitutas”.
É como se diz na gíria popular, nada vem por acaso. Na vida tudo tem um princípio. Em relação ao nosso interlocutor, o primeiro passo para se tornar no escritor que é deveu- -se ao reconhecimento da própria vulnerabilidade.
“Sempre achava-me incapaz de escrever”, comenta ao mesmo tempo que engendra um argumento: “aprendi a ler tardiamente. Na altura frequentava a 4ª classe do ensino primário. Quando dei conta de que já sabia ler – além de me surpreender pela positiva com a sensação de poder aceder a diversas informações – passei a ter mais afinidade com a leitura, lendo tudo o que se me apresentava sob a forma gráfica”.
Mais adiante, “criei a abelhudice, na verdade um desafio, de ler integralmente algumas obras. Na ocasião, algumas bibliotecas da cidade de Lichinga, com destaque para a do município, foram-me muito úteis. É que foi nesta última que eu e um grupo de amigos criámos o hábito de fazer a rotação de livros. Depois de ter lido debatíamos sobre o conteúdo das obras. Em seguida, produzíamos artigos que eram publicados num jornal de parede afixado na biblioteca e na Escola Secundária de Lichinga”.
Desse modo, para o jovem escritor, estavam criadas as bases para sustentar o vício da escrita. Considera que foi como se tivesse ingerido um veneno cujo efeito era a necessidade de entranhar cada vez mais o gosto pela escrita.
Nem a devoção com que os seus companheiros se dedicavam à música desviou o nosso interlocutor da arte da escrita. Aliás, para o efeito, a queda que possuía em relação à poesia foi determinante: “a partir do dia em que escrevi o (meu) primeiro poema, não consegui parar de escrever. A escrita é um vício que me persegue até aos dias actuais”.
Em resultado da referida inclinação em relação à escrita, Francelin Wilson viu-se impelido a envolver-se, cada vez mais, no mundo das letras. O resultado disso é que o jovem escritor tem publicado as suas criações literárias em algumas antologias, com particular destaque para a obra Jóia Niassa – Metáforas do Ventre. No entanto, nem com os referidos feitos o escriba deixa de endereçar a sua reclamação às entidades de direito. “É muito difícil publicar livros em Moçambique”.

Venerar Chiziane
É indubitável que, no seio do movimento literário nacional e não só, a escritora moçambicana Paulina Chiziane é uma referência que se impõe perante os amantes da arte de escrever. A escriba é considerada, com verdade, a primeira romancista que o país possui, apesar de que Chiziane, humildemente, recusa tal estatuto.
Ademais, esta escritora é considerada (pela crítica da área) como uma figura que dinamiza o movimento feminista literário, o que, invariavelmente, a artista não tem aceitado: “só porque sou mulher e falo sobre as mulheres, sou feminista?”, assim contestava Paulina em entrevista cedida ao site literário Madeira e Zinco.
Em certo grau, o que se pretende explicar é que quem fala de Paulina Chiziane, além de estar a referir-se a uma diva da literatura moçambicana, retrata igualmente uma personagem que realiza um trabalho artístico com um alcance grandíloquo e que, apesar de lhe valer uma série rótulos, muitas vezes, tem-nos recusado.
Um aspecto interessante é que é essa personalidade de Paulina, aliada às suas obras que, grosso modo, além da (grande) admiração que possui por ela, instigou o nosso interlocutor a gerar a sua literatura.
“Escrevi o meu livro em resposta à provocação de Paulina Chiziane, sobretudo porque depois de ler grande parte da sua colecção de livros, achei que havia um campo fértil para produzir textos (sobre a vida das mulheres) que ela não explorava. Penso que ela deve ter algum receio de abordar a figura da mulher, por exemplo, no aspecto que concerne à prostituição”, comenta Mukwarura.
Ou seja, “Paulina fala da mulher como um exemplo e como vítima da violência doméstica, mas ainda não desenvolveu a face a que me referi. Por isso, escrevi (...) a Reforma da Prostituta em jeito de reacção às suas abordagens feministas. Em tudo isso, pretendo afirmar que ela é uma das escritoras que eu admiro e que me inspira”, explica.

Uma prostituta (re)formada
Para quem lê a obra “Ninkokwe a Reforma da Prostituta”, de autoria de Francelin Wilson, entre outros cenários narrados acerca da prostituição, poderá encontrar muita miséria, desgraça, frustração e lamúrias. O lado macabro da vida que uma mulher – enganada pela máxima de que a prostituição é a profissão original e mais antiga da humanidade – enfrenta, muito em particular, quando é mãe de dois filhos, Tonico e Lília, de pais foragidos.
Uma questão que se nos impõe (re)formular é se, de facto, a prostituição será uma (melhor) estratégia para que uma mulher – com voz e rosto, mas sem nome como acontece no conto em apreço – possa garantir a subsistência a sua família gerada na lamúria em que vive?
Se não conseguirmos responder a essa pergunta – pela pertinência que existe em relação à necessidade de o estimado leitor descobrir na leitura que fizer à obra –, no mínimo, podemos afirmar que a nossa pergunta tem o mérito de, em certo grau, descrever a protagonista (...) de a Reforma da Prostituta.
Uma personagem que alcança a reforma da sua actividade laboral depois de conseguir uma mala cheia de dinheiro arrancada de um cliente numa noite de volúpia. Mais adiante, a meretriz parte para longe e constrói o seu novo mundo na vida milionária que sempre desenhou na sua imaginação.
Comentando sobre alguns traços da figura principal do seu texto, o autor considera que as prostitutas argumentam que enveredam pelo meretrício devido à pobreza – daí que se vêm impelidas a praticar tal actividade como outra metáfora – que lhes auxilia a combatê-la.
“Uma prostituta para mim é uma lição para a vida, porque é alguém que garante a própria sobrevivência empregando os meios que possui”, considera Mukwarura a quem perguntámos se tal prática era uma maneira digna de ganhar dinheiro.
“Se é (in)digno, ético, (i)moral, penso que é outro debate, mas eu encaro a prostituição como uma profissão opcional para muitas pessoas a quem garante viver”.
O facto é que, segundo Mukwarura, “de dia todos nós camuflamo-nos, mas de noite passamos pela Avenida 24 de Julho, ou pela Rua do Bagamoyo ou Araújo, em Maputo, por exemplo, onde se pratica a prostituição”. Então, “porque não institucionalizar a actividade de modo que possamos beneficiar dessa prática de um modo mais aberto?”.
Igualmente, Francelin Wilson que assumiu perante ter ido ao encontro de prostitutas, como forma de falar do tópico prostituição com alguma propriedade (como o faz no seu livro). Revelou que a sua inspiração brotou das leituras feitas às obras do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquéz, com particular destaque para a obra “Memória de Minhas Putas Tristes”.
Aliás, Francelin revolta-se com o título do autor colombiano considerando-o “um pouco contundente”, para num outro desenvolvimento justificar o seu propósito ao escrever “Ninkokwe a Reforma da Prostituta” nos seguintes moldes: “Não quis fazer uma reflexão sobre as minhas putas tristes ou alegres, mas quis narrar sobre a vida de um personagem que acho que andou comigo durante muito tempo. E eu quis livrar- -me desse personagem oferecendo-o aos leitores”.

Uma morte depois do sexo
O estimado leitor já se imaginou numa situação em que um acto sexual fosse a condição para a sua posterior morte? E se a referida situação fosse factual, será que o leitor manteria relações sexuais? E se o seu parceiro sexual tivesse a infecção do vírus do HIV/SIDA?
O facto é que, diariamente, milhares de cidadãos se debatem com tais situações, mas, infelizmente, pouco reflectem em volta das mesmas antes de partir para a acção. Muitos deles acabam por contrair diversas complicações de saúde. Da mesma forma, outros encontram a morte.
O que se pretende explicar é em que sentido Ninkokwe – devido às suas características em relação à vida sexual – fecundou alguma inspiração para a geração de a Reforma da Prostituta, obra da autoria do nosso interlocutor.
Mas, nada melhor que perceber-se a explicação do autor quando afirma que “Ninkokwe é um animal da espécie das ratazanas. Digamos que é um rato, mas com uma particularidade: o macho, após a sua primeira relação sexual, morre.
Ou seja, ele nasce, vive, cresce, mas no dia em que se relaciona sexualmente com uma fêmea (positivamente) encontra a morte. É essa a história que eu aprendi do referido bicho, tendo sido por essa razão que decidi escrevê-la como um exemplo para que possamos reflectir sobre a nossa vida sexual”.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

ARTISTA DA SEMANA: PÉROLA JAIME


PÉROLA JAIME


Pérola Jaime é Uma das mais sublimes referências da dança tradicional e contemporânea moçambicana, foi graduada como professora de dança pela Escola Nacional de Dança, em 1983. Posteriormente frequentou vários cursos de dança dentro do País, com renomados professores da Europa, de Cuba e dos Estados Unidos da América., assim como no estrangeiro, nomeadamente no Zimbabwe e em Portugal. Orientou workshops de dança em países como Brasil, Maurícias, Ilha de reunião e Noruega. Durante mais de duas décadas, foi bailarina da Companhia Nacional de Canto e Dança, tendo com a sua magia e desenvoltura, desempenhado os principais papeis dos bailados mais importantes da CNCD.
Actualmente é coreógrafa principal da Companhia Nacional de Canto e Dança e, nesta qualidade. Criou várias obras, duas das quais premiadas pelo FUNDAC. Do seu mosaico criativo, o destaque vai, indubitavelmente, para o “África Mítica”, coreografia que serviu de mote principal para a cerimónia de abertura dos X Jogos Africanos de Maputo-2011 e unanimemente considerada pela crítica como uma das melhores já produzidas em África e constituiu o aporte mais importante do país nesse grandioso evento continental, tendo sido por isso galardoada com o prémio de Figura cultural do ano.

EXPOSIÇÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA 2012 EM MAPUTO

ªESTARª

O MUVART – Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique organiza a sua 5ª edição da Bienal de arte contemporânea. A expo estará patente em 8 espaços na praça de Maputo nomeadamente:
Instituto Camões - IC, Associação Cultural Kulungwana, Centro Cultural Brasil Moçambique - CCBM, Instituto Cultural Moçambique Alemanha - ICMA, Fortaleza de Maputo, Galeria Karl Marx, Escola Nacional de Artes Visuais – ENAV e no muro do Campo de Estrela Vermelha cita Av. Vlademir Lenine.
As exposições serão inauguradas gradualmente ao longo dos dias de 01 a 11 de Agosto de 2012
Participam um total de 37 artistas, sendo 19 artistas nacionais, nomeadamente: Anésia Manjate, Filipe Branquinho, Butcheca, David Mbonzo, Faizal Omar, Falcão, Fornasini, Félix Mula, Idasse Tembe, Gonçalo Mabunda, Jorge Dias, João Graça (Pet), Mário Macilau, Mudaulane, Maimuna Adam, Mauro Pinto, Marcos Muthewuye, Silvério Sitoe e Victor Sousa.
Mais 18 artistas estrangeiros:
Africa do Sul - Stephen Hobbs & Marcus Neustetter
Angola - Victor Gama
Alemanha - Cornerlia Enderlein e Volker
Brasil - Cristina Bastos, Elke Coelho, Francisco Edilberto, Elisa Paixão,
Vera Albuquerque
França - Quentin Lambert
Portugal - Jorge Rocha, Susana Medeiros
Suíça - Luc Andrié, Elisabeth Llach, Gilles Furtwängler, Anne Rochat
Zimbabwe - Berry Bikle
Para garantir a participação dos artistas estrangeiros o MUVART convidou 4 curadores internacionais, nomeadamente: Isa Bandeira, Vanessa Diaz, Luc Andrié e Raphael Chikukwe.
Os demais artistas nacionais e estrangeiros tiveram a assinatura da curadoria moçambicana constituída por José Teixeira e Jorge Dias.


Programa de Expo-2012


A expo Arte Contemporânea Moçambique foi criada em 2004 e desde a sua origem tem sido um projecto de expressão artística de pedagogia social, e um desígnio de formação de mentalidades inquietas e
questionadoras. A Expo Arte Contemporânea é um projecto internacional e colectivo de expressão artística concebido com o objectivo de promover a investigação, inovação, criação, reflexão e partilha de experiências em torno da arte contemporânea. Vem ao longo dos últimos 10 anos consolidar o trabalho dos artistas contemporâneos moçambicanos como intervenientes na sociedade em que vivem, e acentuando a responsabilidade assumida pelos artistas no campo das artes, e na ampliação de iniciativas de empreendedorismo.
A expo Arte Contemporânea para além de promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres, também estabelece um modelo de funcionamento organizativo e artístico que consiste na identificação de fazedores de arte, críticos e inovadores, potenciando as concepções sobre artes visuais e produção cultural no campo intelectual e artístico moçambicano.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Activista pede ao Governo Moçambicano que aumente a contribuição para a saúde


Em Conferência na África do Sul, activista Moçambicana pede para que o Governo Moçambicano aumente a contribuição para a saúde e aos doadores que não virem as costas na luta contra HIV/Sida.

Maputo, 25 de Julho 2012 - Recentemente, a sociedade civil Moçambicana esteve representada por Linda Chongo (oficial de advocacia e comunicação da MONASO) que foi representar o Movimento de Advocacia para a Saúde de Moçambique numa conferência de imprensa organizada pela Médicos Sem Fronteiras na África do Sul.

Esta conferência de imprensa, organizada dias antes da Conferêncica Internacional de HIV/SIDA em Washington serviu para alertar que apesar dos novos dados das Nações Unidas realçarem o optimismo na luta contra o HIV/SIDA, os países mais afectados pela pandemia continuam a lutar disponibilizar tratamento antiretroviral para as pessoas e implementar as melhores tecnologias e estratégias de luta contra esta doença,
contudo, ainda não o conseguem fazer sozinhos.

Durante a conferência de imprensa, a Linda esteve presente na conferência, onde falou sobre a situação no seu país, frisando que apesar da resposta ter sido lenta, Moçambique finalmente tem planos ambiciosos, procurando aumentar cada vez mais o número de pessoas em tratamento (actualmente cerca de 270mil pessoas, com o objectivo de alcançaar cerca de 600mil pessoas até 2015), prover um tratamento com menores efeitos secundários (TDF ou Tenofovir), e colocar todas as mulheres grávidas seropositivas em tratamento para o resto da vida (Opção B+) numa tentativa de acabar com a transmissão da mãe para o bebé. Todavia, infelizmente estes planos estão em risco, já que o país depende bastante do financiamento externo para o HIV/SIDA, que por sua vez está com tendências de reduzir.

A Linda terminou a sua intervenção alertando: “eu venho de um país onde tragicamente nem metade das pessoas com necessidade de tratamento tem acesso a este, e pior ainda, em cada 5 crianças que necessitam de tratamento, 4 não estão a recebê-lo. Nós queremos ver o nosso governo a aumentar o seu orçamento para a saúde, contudo, também queremos que os doadores não virem as costas aos compromissos assumidos e abandonem milhares de mulheres, crianças e homens cujas vidas estão em risco, porque nós não os conseguimos salvar sozinhos”. Linda Chongo (MONASO), representando o Movimento de Advocacia para a Saúde.

E.U.A. anunciam reforço do apoio ao combate ao HIV e SIDA



A Secretária de Estado dos E.U.A., Hillary Clinton, anunciou no dia 23 de Julho de 2012, em Washington, o reforço do apoio Americano na luta global contra o HIV e SIDA. O anúncio foi feito durante a sua intervenção na cerimónia de abertura da XIX Conferência Internacional sobre o SIDA, que decorre de 22 a 27 de Julho corrente na capital dos Estados Unidos da América. As medidas anunciadas incluem:
  • USD 80 milhões de dólares adicionais para apoiar abordagens inovadoras que garantam um tratamento adequado às mulheres grávidas seropositivas, os seus bebés e os seus parceiros;
  • USD 15 milhões de dólares adicionais para a implementação de pesquisa destinada a identificar intervenções específicas mais eficazes para determinados grupos populacionais;
  • USD 20 milhões de dólares para o lançamento de um fundo que irá apoiar planos apresentados por países com vista a expansão de serviços para determinados grupos populacionais;
  • USD 2 milhões de dólares de investimento ao Fundo Robert Carr de Redes da Sociedade Civil com vista a incrementar os esforços dos grupos da sociedade civil no apoio a determinados grupos populacionais; e
  • USD 40 milhões de dólares adicionais para apoiar os planos da África do Sul de disponibilizar serviços de circuncisão masculina voluntária para quase meio milhão de rapazes e adultos no próximo ano.

A XIX Conferência Internacional sobre o SIDA, que ocorre nos E.U.A. 20 anos depois, tem lugar em cada dois anos e é uma oportunidade para cientistas, profissionais da saúde, políticos e pessoas afectadas pela doença avaliarem os progressos e identificar os próximos passos na resposta global à pandemia. O evento terá mais de 250 sessões subordinadas aos mais variados temas e contará com a participação de 25 mil pessoas, incluindo 2,500 jornalistas.

Um dos jornalistas participantes é o Moçambicano José Tembe, da Rádio Moçambique, seleccionado pela Embaixada dos E.U.A. em Maputo para participar não só na conferência, mas também num périplo de trabalho em Washington e Miami, de 21 a 28 de Julho corrente, durante o qual terá oportunidade de conhecer os esforços desenvolvidos pelas autoridades Americanas na luta contra o SIDA e também inteirar-se dos progressos nos últimos 30 anos nas áreas de pesquisa, prevenção, tratamento e cuidados. Tembe, que irá juntar-se a outros 25 jornalistas seleccionados em diferentes países, irá também participar numa curta formação destinada a melhorar a cobertura de assuntos ligados ao HIV e SIDA com vista a sensibilização da opinião pública locais.

Anglo American concorda em adquirir participação maioritária no projecto de carvão metalúrgico de Revuboè, em Moçambique


A Anglo American plc anuncia que concordou em adquirir uma participação de 58,9% no projecto de carvão metalúrgico de Revuboè, em Moçambique, à empresa Talbot Estate pelo valor total de 540 milhões de dólares australianos (cerca de 555 milhões dólares norte-americanos). O projecto de Revuboè é uma parceria participada pela Nippon Steel Corporation (com uma participação de 33,3%) e pela Posco (com uma participação de 7,8%).

O projecto de Revuboè tem recursos relatados no JORC de 1,4 mil milhões de toneladas de coque e de carvão térmico e a reserva está adequada à mineração a céu aberto, com um potencial para apoiar a exportação em 6 a 9 milhões de toneladas por ano, funcionando no total das suas capacidades.
Cynthia Carroll, Presidente Executiva da Anglo American, disse: "A aquisição de uma participação maioritária em Revuboè corresponde ao nosso compromisso estratégico de fazer crescer o nosso negócio mundial de carvão metalúrgico, com fornecimentos aos nossos clientes a partir de cada uma das principais regiões de abastecimento de carvão metalúrgico localizadas na Austrália, Canadá e Moçambique. O Revuboè está situado na mais atraente bacia de carvão de Moçambique, localizada em Moatize, e possui um número considerável de opções para o desenvolvimento de infra-estruturas. Estamos ansiosos por começar a trabalhar com o Governo de Moçambique e com os nossos parceiros para progredir numa perspectiva animadora”.
A transacção está sujeita a um certo número de condições e espera-se que a mesma venha a estar completada durante o terceiro trimestre de 2012.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

1º ANIVERSÁRIO DA REVISTA LITERATAS

No dia 12 de Julho, a Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona – Literatas, assinala seu primeiro aniversário sob o lema “Um ano informando sobre as letras através das letras
Com vista a comemorar essa efeméride, serão realizadas diversas actividades de índole artístico–literário, entre elas, uma mesa redonda subordinada ao tema “A Imprensa como espaço de debate de ideias e literacias. De onde vem os escritores?” no dia 12 de Julho pelas 17horas no Centro Cultural Brasil - Moçambique.
A referida mesa, visa reflectir sobre o que se denomina “jornalismo literário” referente ao papel da imprensa na promoção do gosto pela leitura, criatividade e o debate intelectual sobre livros e autores. O tema servirá igualmente para analisar o cenário das páginas viradas a cultura e opinião, sobre a afluência ou publicação de artigos por escritores.
Por essa razão constituirão a maioria dos convidados para esse evento, críticos literários, docentes e estudantes de literatura, escritores e jornalistas cujo destaque vai para Nélio Nhamposse, revisor linguístico e escritor (sem livro publicado, mas com crónicas espalhadas pela imprensa, com principal destaque ao jornal O País onde é revisor); Pedro Chissano, antigo coordenador da revista Charrua (revista literária dos anos 80’ cuja importância levou a que se denominasse os escritores desse tempo por Geração Charrua); Lucílio Manjate, escritor, crítico e docente universitário de literatura moçambicana também editor da revista Proler do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa; Manuel Jesus, poeta e jornalista do semanário Sol.
Um debate em que irão se expandir horizontes sobre aquilo que as leads retratam do quotidiano literário nacional, principalmente sobre o seu contributo para a divulgação de escritores emergentes, como acontecia por exemplo, nos tempos das revistas Tempo, Charrua, Lua Nova, Xitende e etc.
Entretanto, porque a revista é enviada electronicamente todas as sextas-feiras e porque muitos são os moçambicanos que não tem acesso à internet, alguns sem conhecimento da existência da revista, estará em exposição as capas das edições que durante 8 dias das 10:00 às 17:00 horas no Centro Cultural Brasil – Moçambique em Maputo.

Contactos:
(+258) 84 57 78 117
(+258) 82 57 03 750

Edição 1 - Nós - Artes e Culturas

TV-NUMA PALESTRA COM ESCRITOR BRASILEIRO, RUBERVAM DU NASCIMENTO