segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Funcionários queixam-se de maus tratos por parte dos chefes


O Governo da Província de Maputo manteve, na cidade da Matola, um encontro com os funcionários públicos locais para auscultação dos seus sentimentos sobre o ambiente de trabalho. Entretanto, diante da governadora Maria Jonas, os funcionários mostraram, de forma tímida, a sua insatisfação, principalmente sobre os cortes de ajudas de custo, as constantes mudanças de dirigentes e arrogância dos mesmos para com os colegas.

Por Eduardo Quive

Foto de Rogério Manhique


Cerca de duzentos funcionários públicos de diferentes instituições do Estado a nível da província de Maputo, estiveram presentes num encontro convocado pelo governo da província para debater instrumentos de trabalho, como o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado, bem como o documento que estabelece o regime jurídico de funcionamento da administração pública, para além da auscultação destes agentes.
Na ocasião, a governadora da província de Maputo, Maria Jonas, em discurso de abertura, disse que o empenho do governo para fazer valer o papel dos servidores do Estado, nesta parcela do país e não só, destacando a Reforma do sector público ainda em implementação, a criação do Balcão de Atendimento Único (BAU), que permitiu à redução de tempo de espera para a obtenção do Bilhete de Identificação e do Passaporte e a descentralização das instituições públicas.
Outras mudanças que Maria Jonas disse ter empreendido, são relativas as progressões e promoções, que diz ter feito em tempo útil, entre outros esforços destacados.

Chefes maltratam-nos nas instituições

Por seu turno, os funcionários, na apresentação da sua carta à governadora, fizeram a menção de cinco principais inquietações, nomeadamente a insuficiência de recursos humanos; a demora ou ausência de progressões e promoções nas carreiras; a inexistência de uma política de incentivo; insuficiência de casas para alojamento dos técnicos, principalmente na periferia da cidade e a existência de quadros e pessoal com limitação de vagas, o que impossibilita a admissão de novos efectivos e de mudanças de carreiras.
Estes problemas, segundo disseram os funcionários, aliam-se a outros como a constante troca de dirigentes, a arrogância de alguns chefes para com os subordinados e a falta de transparência nas progressões, pelo facto de existirem funcionários que ascendem de categoria de forma duvidosa, por vezes, com ajuda de outros meios como a opção política e possuir “costas quentes”.
Algumas queixas feitas pelos servidores do Estado de forma directa à Maria Jonas, entraram a chover, com algumas intervenções em anonimato por medo de represálias.
Por exemplo, um funcionário do Instituto Nacional de Acção Social (INAS) disse à viva voz que “temos problemas na abrangência da informação dentro da instituição, pelo que a informação está na posse duma única pessoa, numa instituição que tem vários funcionários”.
“As mudanças de carreiras são outros constrangimentos quase que inexplicáveis no INAS, instituição onde trabalho. Lançaram concurso público para admissão de novo motorista há quatro anos e eu concorri, mas até agora não há nenhuma resposta e hoje há vezes em que se improvisa motoristas”.
Outro funcionário que não se identificou, disse que “há chefes que oprimem os seus subordinados, desencorajando-os e é assim que se perdem bons servidores do Estado. Algumas pessoas não estão preparadas para cargos de chefia, sendo assim arrogantes e também porque há mudanças constantes de dirigentes, o que dificulta haver bom ambiente de trabalho e boa relação entre dirigentes e seus subordinados”.
Esta é uma parte das várias intervenções feitas no Auditório Municipal da Cidade da Matola.
No fim das intervenções dos funcionários públicas, o Escorpião interceptou a governadora para comentar algumas questões que foram corpo do encontro, como o corte de ajudas de custo, assunto que ainda não é de domínio público, principalmente a nível dos funcionários.
Maria Jonas respondeu que “o funcionário não deve trabalhar na base de ajudas de custos porque ele tem salário para exercer a sua função. Há actividades que não são exercidas no gabinete, mas é no terreno e para ir lá não pode ser aliciado pelas ajudas de custos”, disse Maria Jonas.
Ainda segundo a governante, “os processos disciplinares que até Junho deste ano andavam à volta de 33 casos, reduziram significativamente, o que espelha a “eficácia das medidas do governo actual de Maria Jonas”.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Edição 1 - Nós - Artes e Culturas

TV-NUMA PALESTRA COM ESCRITOR BRASILEIRO, RUBERVAM DU NASCIMENTO