terça-feira, 20 de setembro de 2011

Escrever para desvendar mistérios do além

Por Eduardo Quive

É o seu décimo primeiro livro. Primeiro foram os contos em “Xitala-Mati” obra publicada em 1987, seguiram-se depois, Magustana (novela-1992), “A Noiva de Kebera” (contos 1994), “A Rosa Xintimana” (romance 2001), “O Domador de Burros” (contos 2003), “Meledina ou a Estória duma Prostituta” (romance 2004), “A Metamorfose” (contos 2005), “Contos Rústicos” (contos 2007), “Contravenção, uma História de Amor em Tempo de Guerra” (romance 2008), Caderno de Memórias, Vol I” (contos 2010) e o recém lançado livro de prosa “Mitos – histórias de espititualidas” a que debruçamos neste artigo. 
Como se vê, estamos a falar de Aldino Muianga, nascido a 1 de Maio de 1950, considerado um autor impossível de prever o que vai lançar e quando o vai fazer. Mas há quem o tenta decifrar. Felipe Matusse e Nataniel Ngomane, escalam a vasta obra deste autor, este último indo mais longe, ao colocar ao lado de outras duas ilustres figuras da Literatura Moçambicana – Aníbal Aleluia e Paulina Chiziane. Estas comparações, surgem mesmo a propósito do novo lançamento de Aldino Muianga, da obra “Mitos – histórias de espiritualidade” – uma consagração deste escritor como um autor do além. Servindo-se do ser médico que o é por longos anos, para espreitar outras medicinas capazes de tratar outras doenças, que ascendem ao meio físico humano – o espírito. E assim navega, Muianga desta vez, em estórias curiosíssimas que se podem considerar da tradição moçambicana, mas que em algum momento, associam-se ao obscurantismo, mesmo que uma considerável maioria a valorize.
Aliás, mesmo sem querer esquivar do assunto em tratamento neste artigo, vale a pena recordar que há dias, quando se celebrava o dia da medicina tradicional, divulgaram-se dados que indicam claramente a associação dos moçambicanos à estes tratamentos em cerca de 70 por cento.
Voltando ao assunto, Aldino Muianga, segundo estes estudiosos, vem demonstrar que é de facto um perito na matéria, de acordo, com o meio em que nasceu e cresceu (bairro Indígina, actualmente chamado Munhuana) e do trabalho que faz.


Escrita que revela a nossa identidade

Para Filipe Matusse, a quem coube a apresentação deste livro, Aldino Muianga é um autor no qual se revela a moçambicanidade e em “Mitos – histórias de espiritualidade” encontramos “uma nova proposta que aborda a nossa essência como seres humanos, por que nós somos seres biológicos, sociais, espirituais e psíquicos. Então o Aldino Muanga neste livro, foi captar a dimensão espiritual e escorrer à volta dela”.
Matusse vai mais longe, ao considerar esta obra num “manual” em que se pode achar respostas daquilo que sempre quizemos saber como por exemplo, “o porque é que existo, vale a pena realmente viver?” e conclui, “é um livro que nos apazigua, nos leva a um encontro de nós próprios”.

Por seu turno, o académico Nataniel Ngomane considera Aldino Muianga, como um escritor de grande dimensão, isto porque tem um percurso e coerência na sua entrega para a arte de escrever, facto que é comprovado pela sua vasta publicação literária.
Entretanto, Ngomane, explica que há grandes autores que se tornaram grandes, apenas por um único livro, o caso de Luís Bernardo Honwana, mas este caso específico de Aldino, tem a ver com essa perseverança e entrega na escrita.
Nataniel Ngomane compara Aldino Muianga com outros autores moçambicanos como José Craveirinha, Aníbal Aleluia e Paulina Chiziane.
Segundo o académico, há um elemento comum à todos eles, que é o compromisso que estes têm com o País, ao trazerem dentro dos seus textos as diversas realidades moçambicanas.
Feitas estas análises, Ngomane conclui que estamos perante um autor de obrigatória leitura, porque contribui para promover a imagem de Moçambique não só como País, mas como País de crenças moçambicanas, hábitos, sonhos, preocupações, organização social, cultural e religiosa. 

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