“O governo de transição vai ter como tarefa despartidarizar as instituições do Estado. Hoje, até para um aluno passar de classe tem que ir ao comício do (Presidente da República, Armando) Guebuza. Queremos parar com esta situação pacificamente e, se não aceitarem, Moçambique vai ser dividido ao meio, acabou”, ameaçou Dhlakama numa entrevista à Agência Lusa, em Quelimane, capital da província da Zambézia.
O líder do maior partido da oposição falava antes de iniciar uma digressão por aquela província, que já foi uma praça-forte da RENAMO mas que hoje vota maioritariamente na FRELIMO.
“Olhando para a situação que estamos a passar, é um mal pequeno o dia em que Moçambique for dividido, porque vai ser dividido em pedacinhos, vão aparecer líderes a dizer ‘Nós estamos saturados, eu fico com a minha província e acabou’. Tudo vai depender do Guebuza e da FRELIMO porque há saturação demasiada”, disse Dhlakama, garantindo, contudo, que essa solução não é do seu agrado, por se considerar um “nacionalista”.
Depois de ter estado quase um ano “ausente” em Nampula, no norte de Moçambique, o presidente da RENAMO reapareceu na vida política ao seu estilo: ameaçou matar polícias “que matam os homens da RENAMO”, disse dispor de mísseis, exigiu um governo de transição e prometeu aquartelar os soldados desmobilizados.
“Não é segredo que a FRELIMO tem armas e que a RENAMO tem armas. O que dizemos é que, como somos mortos, podemos também aplicar armas em matar aqueles da polícia que nos matam. Acho que é legítimo dizer isto, porque nós já fomos mortos pela polícia e ainda não matámos. O mundo já está a tremer mas o mundo nunca tremeu quando somos mortos”, considerou.
Afonso Dhlakama acusou “o regime da FRELIMO de estar apostado em eliminar a democracia em Moçambique” mas considerou que essa situação provoca “descontentamento e revoltas populares” no país.
Mais tarde, num comício em Nabúrri, Dhlakama prometeu “até ao fim do ano, desencadear uma revolução pacífica para correr com a FRELIMO do poder”.
Outra proposta polémica é a sua promessa De a RENAMO vir a aquartelar os soldados desmobilizados, situação que Dhlakama não considera incompatível com as atividades de um partido político com representação parlamentar.
“Esses elementos entraram no Exército no âmbito do Acordo Geral de Paz (Roma, 1992) e a FRELIMO está a correr com eles”, acusou o líder da RENAMO.
“A comunidade internacional acha pesado quando o Dhlakama disse ‘Eu vou aquartelar os meus homens para evitar que possam fazer a guerra’ ou mais pesado é aquele que já destruiu o exército apartidário, profissional e está a criar um exército para golpear a RENAMO quando formos governo?”, perguntou. LUSA
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