quarta-feira, 15 de junho de 2011

Recluso usa motorizada do comandante para fugir da cadeia


Por Serôdio Towo e Eduardo Quive


Begos Tajú, recluso foragido
 Um recluso que cumpria pena de oito anos de prisão-maior, na Penitenciária Agrícola de Mabalane (APM), província de Gaza, protagonizou semana passada, concretamente numa terça-feira, uma fuga espectacular. Segundo uma fonte autorizada daquele centro de reclusão, o evadido se aproveitou da suposta confiança que tinha com a direcção da cadeia e pegou na motorizada do comandante e fugiu. 


Tudo começou quando Begos Tajú, mecânico evadido, que reparava motorizadas da instituição, uma função que lhe permitia sair da cadeia para a vila, ou mesmo para a zona residencial dos funcionários da Penitenciária sem escolta nem suspeitas de que encetaria uma fuga.
Foi numa circunstância em que, depois de receber no sábado anterior uma visita de sua filha e esposa, Begos Tajú, decidiu dois dias depois, fugir da cadeia sem deixar rastos, cometendo na outro crime de roubo de motorizada pertencente à instituição.
A mota ora roubada, era usada nas deslocações pelo comandante da guarda prisional.
Segundo apurou o Escorpião da mesma fonte autorizada, quando o infractor se evadiu, ninguém se apercebeu do seu desaparecimento, pois acreditava-se que estivesse na vila ou na zona residencial como era de costume.
“Volvidas mais de duas horas, foi quando os agentes correccionais começaram a ficar preocupados”, disse a fonte.
Perseguição sem sucesso

A nossa reportagem, soube ainda que, quando se descobriu que Begos Tajú havia se evadido, se iniciou uma busca, mas sem sucesso. Mabalane dista sensivelmente 100 quilómetros da ponte sob o rio Limpopo, na zona de Macarretane, distrito do Chokwè, local onde provavelmente podia ser interceptado. Todo este percurso é de terra-batida e com poucas residências ao longo do corredor.
No entanto, foi daí que, os agentes correccionais iniciaram uma perseguição visando à sua captura, tendo no percurso sido informados que o evadido havia atingido a cidade municipal do Chokwé, a cerca de 120 quilómetros da Penitenciaria Agrícola, percorridos pela mesma motorizada do comandante da guarda prisional.
Este cenário, acontece numa altura em que a direcção da PAM e o SNAPRI estão engajados na resocialização da pessoa reclusa, através de trabalhos que visam cada vez mais permitir com que o recluso seja mais produtivo e com melhores condições de acomodação dentro dos estabelecimentos prisionais.
Seis reclusos apanhados na tentativa de fuga

Begos Tajú, não é o primeiro recluso a evadir-se daquela penitenciária, mas a diferença que existe entre ele e outros, é o facto de Tajú ter fugido com a motorizada do comandante da guarda prisional.
O director da penitenciária, Tomás Watchi, em entrevista ao Escorpião dias antes da evasão de Begos Tajú, assumiu que o quadro comportamental dos reclusos naquela penitenciária era razoável.
Porém, Watchi reconheceu que, em Mabalane nalgum momento regista(ra)m-se fugas partindo dos campos agrícolas, onde os reclusos ficam quase que livres devido a confiança depositada pela direcção.
Watchi disse que, este ano houve registo de cerca de 10 casos, com igual número de reclusos, que tentaram se evadir, e destes, seis foram recuperados e continuam em reclusão sob fortes cuidados de vigilância.
Respondendo à uma das questões colocadas pelo Escorpião, a fonte explicou ser difícil confirmar se nessas tentativas de evasões e nas consumadas houve ou não conivência dos agentes correccionais.
Recorde-se que na PAM, estão encarcerados 700 reclusos, que cumprem penas de prisão-maior que variam de 2 a 18 anos, havendo alguns que por razões regionais e pelas suas condições, cumprem penas correccionais.

Nem só de problemas se resume a vida em Mabalane

Em termos de territórios prisionais, pode-se dizer que a PAM é um dos maiores monstros e que está sob alçada do Ministério da Justiça e com condicoes para a prática da agricultura. Com uma área estimada em 750 hectares, sendo metade de terras aráveis, 127 reclusos de um total de 700, trabalham permanentemente nas machambas e vivem em pequenas cabanas por si construídas.
Segundo Tomás Watchi, os 127 reclusos que vivem e trabalham em regime semi-aberto, são responsáveis em diversos sectores no campo agrícola, como a sacha, rega, plantio e tratamento de diversas culturas, incluindo a guarnição do vasto território reclusório.
 

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