sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Jornalistas capacitados em matéria de Género


O Fundo das Nações Unidas para Mulher, UNIFEM, realizou recentemente um workshop, na cidade de Chimoio, com vista a capacitar jornalistas de diversos órgãos de comunicação social, em matérias de género.

Por Eduardo Quive, em Chimoio


O evento que decorreu nos dias 27, 28 e 29 de Novembro, contou com a participação de pouco mais de 15 jornalistas, provenientes das diferentes capitais provinciais, designadamente Beira, Quelimane, Maputo e Chimoio.
Com o referido workshop, a UNIFEM pretendia envolver a comunicação social na luta pela emancipação da mulher, principalmente dotar os escribas de condições técnicas necessárias para o equilíbrio de género na busca das fontes de informação, assim como a sensibilidade no tratamento da notícia e familiarizar às leis que defendem a mulher de vários tipos de discriminação.
A descriminação da mulher, os mitos, a cultura e a tradição, são alguns impulsionadores do sofrimento que as mulheres têm passado para se afirmar na sociedade. Sendo, em muitos casos, a televisão, a rádio e os jornais, espaços onde se podem expressar, é necessário que os profissionais destas áreas estejam dotados de conhecimentos nesta matéria.
Os debates que eram monitorados pelo especialista na área da comunicação, Eduardo Namburete, retratavam, dentre vários assuntos, o quadro legal do género, baseado na Plataforma de Beijing para Acção, o Protocolo da SADC sobre Género e Desenvolvimento e a Política Nacional do Género.
A análise do quadro analítico do Género para a comunicação social, o melhoramento da técnica de entrevista e da reportagem sensível ao género e a representação das mulheres na comunicação social, foram outros pontos que muito provocaram debates construtivos e de experiência entre os jornalistas.

Órgãos de informação servem apenas aos homens

A questão: a quem serve a comunicação social, por exemplo, fez despertar no seio de todos os participantes, o quanto muito carece, por parte dos jornalistas e dos respectivos órgãos de comunicação, a participação da mulher como fonte na notícia difundida, visto, que a maioria da população moçambicana é feminina e, acima de tudo, a comunicação social serve as pessoas de ambos sexos, sem distinção.
Neste exercício que estrategicamente visava avaliar identificar nos diferentes jornais, quem são as fontes mais vulgares das notícias reportadas. Quantos homens e quantas mulheres contribuem, e com que tipo de assuntos se identifica e acompanhadas de que imagem. As jornalistas foram as próprias que fizeram esse trabalho.
No final do mesmo, descobriu-se quanto a nossa imprensa dispensa as mulheres nas notícias. O mais agravante é que pouquíssimas mulheres trabalham nas redacções dos diferentes órgãos de informação.
Dos jornais analisados, nomeadamente, Escorpião, Diário de Moçambique, Domingo, Zambeze, entre outros, notou-se que quase que nenhuma mulher escrevia as estórias reportadas, tendo, no entanto aparecido algumas mulheres como fontes em algumas notícias abordando assuntos concernentes a saúde e educação.
As reportagens que retratavam assuntos políticos com fontes femininas eram expostas na condição de más gestoras e com poucos talentos, o que transparece, de algum modo, o máximo de estereótipos que reina nas redacções, não como políticas editorais dos próprios jornais, mas como resultado de como os recolhedores e processadores das notícias, pensam a respeito da personagem feminina.
As matérias ligadas as notícias internacionais, desportivas e económicas, nenhum artigo com assuntos ou fontes femininas foram encontradas, a título de exemplo, numa das edições analisadas dos referidos jornais.
Os exemplos acima demonstrados, fizeram parte de longos debates que os escribas tiveram na capital de Manica durante os três dias e depois discutiu-se e faz-se a troca de experiências sobre algumas técnicas que possam melhorar as reportagens sensíveis sobre o género.
Para tal, a precisão, o equilíbrio de fontes, a clareza, a diversidade de fontes, foram recomendações do Eduardo Namburete, que apesar de não constituir uma novidade para a classe, muito fazem falta em várias reportagens, incluindo as que não tratam especificamente de questões de género.
Aliado a estas técnicas, o jornalista, dado as circunstâncias em que a própria mulher vive, por consequência da desigual idade social, precisa dar-se o tempo de preparação das fontes a entrevistar, prestar atenção nas fontes e no que está no seu meio, escuta-las sem interromper não ter pressa e prestar muita atenção, tudo o que as fontes revelam e ser flexível, para além de garantir a confidencialidade e conquistar a confiança da fonte.
Sendo assim, dos debates daquele workshop, pode se concluir que todas estórias podem ter a perspectiva do género, porque segundo o constatado, não há assunto reportado na comunicação social que não afecta homens e mulheres e isto, pode ser feito através da diversificação das fontes.
Por outro lado, dar perspectiva de género é analisar o impacto do assunto que está sendo reportado sobre as mulheres e homens, através das opiniões de ambos como fontes da estória. Os dados desagregados por sexo, também podem dizer como é que os assuntos sejam, políticos ou sociais, tem impactos diferentes pólos sobre estas pessoas de sexos opostos.
Um outro facto, não menos importante, é a questão de envolvimento cada vez maior de mulheres nos órgãos de informação.
Foto jornalistas

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