quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pedro Pires ataca ONU e EUA


Por Eduardo Quive

“Constata-se que aqueles que são tão pródigos em dar receitas para a crise dos outros, revelam-se incapazes de encontrar soluções eficazes para resolver a deles,” disse Pedro Pires, presidente da República de Cabo Verde, em visita de três dias efectuadas ao nosso país. Em discurso dirigido a nação moçambicana a partir da Assembleia da República, Pires defendeu haver necessidade do reforço e aprofundamento na cooperação Sul/Sul.

Depois da revolucionária visita do estadista brasileiro, Lula da Silva, Moçambique foi destino político do presidente da República de Cabo Verde, Pedro Verona Rodrigues Pires, que procurava revitalizar relações já “adormecidas”, entre os dois países.
Entre vários pontos da agenda, a visita do presidente cabo-verdiano resultou na assinatura de diversos acordos, com destaque para a área de Ciências e Tecnologia, rubricados por Venâncio Massinga ministro de Ciências e Tecnologias de Moçambique e do lado de Cabo Verde o ministro-adjunto do Primeiro-ministro e das Comunidades Emigradas, Sidónio Monteiro. A cerimónia foi testemunhada por ambos estadistas, Armando Guebuza e Pedro Pires.
No seu último dia de visita a Moçambique, Pedro Pires visitou a Assembleia da República onde proferiu um discurso revolucionário o qual deixou claro missão da sua visita a Moçambique. No seu discurso, Pires focou na crise financeira mundial, apontando o dedo acusador aos países do norte do globo, designadamente os EUA e União Europeia, lugares onde a crise teve efeitos mais visíveis e que até agora afirmam não ter formas para erradica-la. Assim sendo, Pires propôs a união dos países do sul na busca de soluções alternativas de superar a crise que afecta os seus países.
“O mundo atravessa a crise, talvez, a mais intensa, mais persistente dos últimos tempos e que não deixa de colocar desafios sérios principalmente na identificação do rumo certo que deve ser seguido pelos nossos países no âmbito da economia.”
“Analisando as causas e consequências da crise fica evidente que ela deriva de falhanços dos mecanismos de regulamentação e das práticas de precaução,” disse o estadista cabo-verdiano.
Pires, foi mais longe com palavras carregadas de aparente determinação política para colmatar os efeitos da crise, que segundo ele, “constata-se que aqueles que são tão pródigos em dar receitas para a crise dos outros, revelam-se incapazes de encontrar soluções eficazes para resolver a deles,” rematou.
Entretanto, na óptica daquele dirigente, abrangência da situação actual, exige uma abordagem globalizada e algum sentido de autocracia, tendo na altura avançado a estratégia daquilo que chamou de cooperação inter-africana.
“Enquanto países africanos, julgo que devemos reagir a crise com inteligência e protagonismo. Creio ser pertinente pensar em formas inovadoras de cooperação inter-africana reforçada e o aprofundamento da chamada cooperação entre os países do sul.”

ONU foi outro alvo de Pires


No discurso proferido durante a sua visita à magna casa de Moçambique, Pedro Pires não poupou críticas a Organização das Nações Unidas (ONU), pela forma como tem tratado os assuntos dos diferentes países membros, principalmente quando mobiliza aos países africanos a não ficarem alheios ao processo de reajustamento do Conselho de Segurança.
“A política e a economia se influenciam mutuamente. Assim, a necessidade de reformas também se faz sentir a nível dos espaços geopolíticos. Isso quer dizer que, a ONU, a UA, e os demais organismos onde os nossos países se encontram inseridos devem adequar-se aos actuais contextos e desafios,” sublinhou Pedro Pires.
“As Nações Unidas em particular, e a governação mundial devem ser ajustadas ao mundo diversificado e multipolar que se afirma cada dia. O Conselho de Segurança está muito longe de espelhar a realidade geopolítica actual. Neste processo de reajustamento, a África não poderá manter-se à margem. Ela terá que conquistar e defender o seu espaço próprio,” exortou o estadista Pires.
Refira-se que no percurso da visita, Pires deslocou-se ao Conselho Municipal da Cidade de Maputo onde recebeu a chave da urbe entregue pelo edil David Simango.
Outra actividade de mais alto nível foi a entrega da Medalha Amílcar Cabral ao presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, pelo seu homólogo cabo-verdiano.
Convidado a comentar sobre a “Medalha Amílcar Cabral” atribuída ao estadista moçambicano na terça-feira, Pires disse que tratava-se da distinção mais alta que o Estado cabo-verdiano pode atribuir aos seus cidadãos e alguns estrangeiros pelo seu destacável contributo pala causa nacional.
No caso do presidente Guebuza, Pires explicou que deve - se “a sua contribuição para a independência de Moçambique, para a consolidação do Estado moçambicano e do seu processo de desenvolvimento”.

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