sexta-feira, 18 de março de 2011

Maus espíritos perseguem alunas da Secundária da Matola

Por Eduardo Quive



Aluna desmaiada numa outra escola do município

Ondas de desmaios assolaram estudantes do sexo femenino na Escola Secundária da Matola, por sinal uma das maiores unidades de ensino secundário na província de Maputo. Os espíritos “mulherengos” depois de actuarem na Escola Secundária Quisse Mavota na capital do país, que registou desmaios e delírios de alunas no ano passado, terão se manifestado na província de Maputo na 4ª feira passada, desconhecendo-se no entanto as razões por detrás da possessão. A A ideia de possessão é mantida pelos estudantes e ponderada pela direcção da escola que alega questões emocionais e de saúde por parte das “vítimas”.


A situação que vem aponquentando a escola desde os meados do ano passado, passou para destaque, no presente ano lectivo e na quarta-feira 10 de Março corrente, a direcção da escola viu-se obrigada a interromper as aulas do primeiro turno devido a uma onda de desmaios que se verificaram naquele estabelecimento de ensino.

Na referida data, desmaiaram cerca de 20 alunas, segundo fontes entrevistadas no local pelo Escorpião que igualmente mostraram-se chocadas com o fenómeno, que no ano passado, teve grande impacto na Escola Secundária Quisse Mavota, arredores da cidade de Maputo, tendo ainda assombrado as escolas secundárias do Livramento e Infulene, mas sem grandes repercusões.

“Há duas semanas tem havido desmaios. São coisas que não suportamos e estamos alarmados com isso. Desde quinta-feira, que por dia desmaiam cerca de 10 pessoas e isso não é normal” - disse um dos alunos daquela escola.

“A primeira miúda que a vi a manifestar problemas de desmaios, primeiro secou as mãos e daí atingiu outras partes do corpo que secaram até o desmaio, mas depois recuperou. Hoje, quarta-feira, foi o dia mais pior, principalmente para o turno da manhã que praticamente não estudou. Todos alunos foram dispensados, porque desmaiaram mais de 20 pessoas, o que não é normal e tem a ver com os espíritos segundo dizem”-concluiu Faftine António, activista do Núcleo dos Estudantes desta escola.

O aluno que nos conta o acontecimento, disse na ocasião que na hora em que as cerca de 20 raparigas desmaiaram, esteve no local, um obreiro da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) que confirmara tratar-se de algo espiritual, no entanto, não sabe se tais espíritos são da escola ou das vitimas de tais desmaios.

“Nós carregamos e controlamos as pessoas. Mas hoje chegou-se a chamar o posto de saúde para carregar as pessoas para os cuidados médicos no hospital da Matola-H. O estranho é que desmaiam sempre mulheres. A situação ficou assustadora desde 5ª feira da semana antepassada, mas antes, também aconteciam mas em número bastante reduzido variando de uma a três pessoas por dia” - Frisou.

Fora das suspeitas tidas pelo obreiro da igreja universal, Faftine, considera que não é normal que os desmaios sejam por doença, uma vez ter sido um fenómeno registado em grandes números, derrubando 20 alunas em porção de pouco tempo.

“ Hoje por exemplo, passou uma aluna da Escola Secundária de Malhapsene e teve este problema em frente da escola, logo entrou no recinto do pavilhão, das salas um a quinze e esgravatou. De seguida, outra aluna, já daqui da Matola, que estava na ambulância, delirava dizendo que a miúda da escola de Malhampsene sabe o que está por detrás disto tudo, Isso chocou-me”. Conta o aluno.

Entretanto o ambiente normal da escola, segundo os nossos entrevistados mudou com esta situação. Os alunos estão preocupados com o acontecimento, algumas até revelaram o seu medo afirmando que isto não é normal, sempre que saio de casa me preocupa não saber se isso vai ou não se repetir.”

A nossa fonte vai mais longe no seu relato, dizendo que algumas alunas, desmaiam, mas as outras, principalmente no caso da última quarta-feira, apenas deliravam.

Encarregados tentam chegar à razão

Uma mãe, por sinal encarregada de educação que em tempos frequentou naquela escola frsou que, “existem salas naquela escola com supostos problemas apontando pelo menos duas, e que houve uma altura em que as portas trancavam-se por si só, sem que ninguém as tocasse. Em algumas salas, apareciam cobras do nada e desapareciam misteriosamente” - disse.

A opinião da nossa fonte, é de que para se encontrar uma solução do problema passa por se fazer o mesmo que se fez na Escola Secundária Quisse Mavota. Deviam fazer uma cerimónia, chamar os anciãos para a escola” -finalizou.

Portanto, Henrique Quito Mavinga, director da Escola Secundária da Matola, disse que sempre houve problema de desmaios na escola, sendo que apenas nesta quarta-feira ganharam contornos alarmantes.

Mavinga, considera que este pode não ser necessariamente um problema espiritual, mas emocional, pois quando as alunas vem uma a desmair, outras ficam assustadas e acabam caindo também.

Contudo, este dirigente, não descarta a hipótese de espíritos malignos estarem a vaguear o recinto da escola, sendo que o problema será colocado aos encarregados de educação para se encontrarem possíveis soluções.

Num outro desenvolvimento, Henrique Mavinga, lançou uma ofensiva contra as fábricas que estão ao redor da escola que possivelmente, estarão a soltar produtos nocivos a saúde afectando a saúde dos alunos desta instituição.

Alunas vítimas de desmaios contam sua versão

Lina de Mereles: “Sempre que desmaio, primeiro perco a respiração, sinto-me muito fraca e logo depois desmaio. Sinto-me eletrocutada no corpo não consigo respirar, vejo coisas estranhas, mas nunca delirei. Quando recupero, fico com problemas de respiração, como se algo estivesse na minha garganta. Não sei caracterizar o que vejo, mas quando isso acontece tento pensar em coisas boas para manter a calma”.

Acrescenta que, “já recorri ao hospital e disseram-me que tenho tensão. Entretanto, dizem ainda que quando me sinto eletrocutada já não se sabe do que se trata, mas perder ar, ficar fraca e desmaiar dizem que pode sim estar aliado a minha doença”.

Lina de Mireles ainda em conversa connosco, revelou que, para ela os desmaios acontecem desde finais do ano passado, e já aconteceu por duas vezes.

“Os desmaios acontecem-me principalmente na sala de aulas e na formatura e nunca fora.

Ouvi dizer que os desmaios nesta escola acontecem desde há muito tempo, portanto estou no meu terceiro ano de frequência aqui e não acreditava, mas no ano passado começou a ganhar outros contornos, tanto para o período de manhã assim como da tarde”.

“Eu não acho isto normal porque saio de casa com medo, perguntando-me se será que hoje não irei passar mal! Que não irei estudar e posso reprovar, pois quando isto acontece perdemos as aulas. Para mim este, é um problema que a escola deve resolver e explicar-nos sobre o que está a acontecer” -desabafou Lina.

A outra estudante que também sentiu os efeitos dos desmaios na pele, é Jéssica Iracema, que aceitou falar a nossa reportagem sobre o seu sentimento a respeito da onda de desmaios que assolou a sua escola.

“Primeiro sou asmática e há vezes que uso bomba quando sinto necessidade de mais ar. Mas, pelos desmaios fui ao hospital e disseram-me que tenho tensão alta. Os desmaios me tem acontecido desde o ano passado só dentro do recinto escolar, em casa apenas sinto fraquezas e tenho usado a bomba auxiliar em caso de necessidade”.

Segundo Jéssica, só na turma que frequenta, cerca de cinco colegas suas desmaiam constantemente e noutras salas também. Não deixando de revelar o seu real sentimento sobre o caso.

“Normal nunca há-de ser. Sinto medo. No meu ponto de vista, por aquilo que vem acontecendo. Julgo ser tempo de a direcção da escola fazer algo para minimizar no mínimo esta situação. Até ao final do ano, se isto continuar assim, muitas meninas vão reprovar e a escola não se responsabilizará por isso”- disse.

Posto de saúde interno não está a funcionar

“ Sem querer maldizer muito menos ofender a quem quer que seja, falar do posto de saúde da escola é difícil, pois se encontra em condições precárias. Está cheio de aranhas, não sai água, não tem nem sequer um medicamento e está acumulado de poeira e sem pessoal de saúde. Essas são as reais condições do lugar onde se minimizaria o impacto de eventuais doenças, alegadas pela direção da escola.”

O coordenador do Núcleo dos Esctudantes da Escola Secundária da Matola, Achirafo Issufo, considerou a situação de alarmante uma vez ser elevado o número de raparigas que desmaiam na escola. Contudo, na opinião deste jovem trata-se de situações que com algum medicamento podem passar, pelo que a solução passa pelo apetrechamento do pronto-socorro interno.

Issufo, confirmou a nossa reportagem que não há condições nenhumas para o posto de saúde entrar em funcionamento breve trecho.

Henrique Quito Mavinga, afiançou-nos que em tempos o posto de saúde funcionou, nas mãos de um reformado da saúde, contratado pela escola.

Neste momento encontra-se encerrado por falta de verbas, sendo que já se sente a necessidade de reactivar os serviços, segundo aquele dirigente.

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