segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vereador inventa um mês desconhecido pelos jovens


A Vereação da Cultura, Juventude e Desportos do Município da Matola, instituiu neste ano, um suposto mês da Juventude, que seria Setembro. Entretanto, passado o mês em alusão, pouco se sabe sobre o mesmo. Segundo apurámos, aconteceram algumas actividades programadas, contrariamente ao que esse mesmo vereador ao disse ao Escorpião. Entretanto, uma fonte oficial da edilidade explicou que “o vereador Langa nada fez por falha de divulgação. A falta de divulgação deveu-se ao facto das datas marcadas para os eventos terem calhado com o vandalismo e pilhagem de 1 e 2 de Setembro findo”.


Por Eduardo Quive


O vereador para a área da Cultura, Juventude e Desportos, Hélio Langa, depois de ter fintado a nossa equipa de reportagem na manhã do dia em que havíamos combinado para entrevista, justificando que tinha uma reunião na Direcção Distrital de Identificação Civil (DDIC), e desligado o seu telemóvel, segundo informação dos funcionários da mesma Vereação em que lidera, finalmente, decidiu informar a nação sobre a sua “invenção”.
Esta Vereação, tinha previamente designado o mês de Setembro findo, concretamente nos dias 1 a 4 de Outubro corrente, que seria período em que iria dedicar uma série de actividades, entre debates, road shows, jogos tradicionais e desportivos, plantio de árvores e mobilização de jovens para adquirem vários documentos como, o Número Único de Identificação Tributária NUIT e, Bilhetes de Identificação (BI).
Entretanto, volvidos 14 dias em que terminaria esse evento, o Escorpião procurou saber o vereador Langa, para prestar informe a respeito das actividades que o mesmo tinha programado e deu a conhecer a imprensa. O desejo da nossa equipa de reportagem era de saber balanço que se pode fazer desse fantasma que ele designou como sendo “mês da Juventude na Matola”.
“Fazemos uma avaliação muito positiva do mês da Juventude, porque é o primeiro ano em que celebrámos o mês da Juventude na Matola e os jovens vão assumindo esta iniciativa, como um espaço de intervenção que lhes é concedido”.
“O nível da abrangência deste projecto é grande, pois a maior parte da população deste município é jovem e nós conseguimos abranger a maior parte. Vimos, sem sombras de dúvidas, mas sem muita margem de erros, que as actividades que até agora realizámos foram participadas por muitos jovens e de forma voluntária”, disse Langa.
A nossa entrevista foi mais longe, ao abordar ainda com conhecimento de que quase nada foi feito para justificar esse mês, sobre as actividades realizadas durante o suposto mês da juventude, tendo o vereador, mencionado uma lista cheia de variedades de eventos que na realidade não aconteceu.
“Realizámos várias actividades, das quais podemos falar de cerca de três debates, um foi na Escola de Formação de Professores (ADPP) bastante concorrido por cerca de 350 jovens, alguns sentados e outros de pé e o tema era o empreendedorismo. Outras foram sobre o Plano de Estrutura Urbana e as Três Gerações, também bastante concorridas. Podemos falar ainda do festival de Gospel realizado no Auditório Municipal da Matola, do tiro ao prato com jovens de 25 de Setembro, no campo de Tiro de Malhampswene. Portanto, estamos a realizar um road show no qual já fizemos cerca de 13 eventos, onde visitámos quase todos os bairros do município”.
Na verdade, fontes seguras revelaram-nos que muito disso tudo não foi feito, o evento que se refere da ADPP, foi supostamente para abertura do mês da Juventude, a 15 de Setembro e que nada de 350 pessoas estavam lá, inclusive, o próprio presidente do município, Arão Nhancale, devido à “desorganização” apenas participou meia dúzia de pessoas, depois de terem ficado cerca de duas horas depois da hora combinada, 13 horas.
Por outro lado, os road shows, que o vereador quis se referir que passaram por “quase todos os bairros da Matola”, constitui pura “mentira” para justificar os 30 dias inventados em nome da Juventude, pois bem sabemos que a Matola tem 42 bairros, em quantos teria andado essa caravana que não foi reconhecida e que ninguém viu?

O “fiasco” que foi o IV Acampamento Municipal da Juventude

Ainda no âmbito do simulado Mês da Juventude, o Conselho Municipal da Cidade da Matola, realizou o quinto Acampamento Municipal da Juventude, no bairro de Godlhoza, posto administrativo do Infulene, dentro do território municipal, prevendo-se a participação de 300 jovens, os quais tivemos a confirmação de que não participaram.
Na entrevista concedida pelo vereador Hélio Langa, chegámos a abordar este assunto, que muito indignou os jovens, pelas más condições logísticas, proporcionadas pelo Hélio Langa “engenhoso inventor de boas notícias”.
Este acampamento teve lugar de 1 a 4 do presente mês, com objectivo de se fazer o balanço do “Mês da Juventude”, a auscultação de jovens para a elaboração do Plano Estratégico da Juventude na Matola, com base na Carta Africana da Juventude, da Política Nacional da Juventude, Declaração de Cheringoma entre outras coisas que aconteceram fora do plano em nosso domínio.
Entretanto, a partida para o local de acampamento, sexta-feira, 1 de Outubro, estava programada para 8 horas, coisa que não aconteceu, tendo as delegações, cuidadosamente seleccionadas, esperado desde essa hora até às 21:00 horas, onde partiu a primeira delegação do posto administrativo da Matola-sede, que se perdeu no percurso, tendo chegado ao local depois da meia noite.
As restantes, nomeadamente dos postos administrativos da Machava-sede e do Infulene, partiram às 23:00 horas, depois sozinhas terem accionado os mecanismos para a sua deslocação, porque o motorista do CMCM estava ocupado noutros assuntos.
Chegados ao local, as condições não estavam criadas, a tenda em que tinham que dormir não estava esticada, muito menos tinha se legalizado a questão de iluminação. O local que tinham que acampar não tinha sido identificado, uma vez que as estruturas locais não tinham sido avisadas previamente sobre o evento e, como consequência disso, as delegações compostas por adolescentes e não jovens como se vem proliferando, tiveram que dormir no primeiro dia na Escola Primária de Godlhoza, expostos a más condições e a insectos, como mosquito causador da Malária.
Durante os dias em que aconteceu esse acampamento, foi feito um debate dos mais de 5 programados. A alimentação proporcionada aos campistas era precária e para se tomar banho e outros cuidados de higiene, tinham que invadir residências da zona, alguns até chegaram a comprar água, isso porque a Vereação de Langa dispunha, apenas, de um tanque de água.
A respeito disso, Hélio Langa, que presenciou estas actividades “à vista grossa”, disse que “não posso chamar isso de problemas, mas sim foi um percalço de percurso que se deveu à escassez de meios. Por outro lado, os meios que tínhamos estavam a ser usados noutras actividades”.

Quanto terá sido gasto para a implementação do suposto mês da juventude?

Questionado sobre o orçamento estipulado para o “Mês da Juventude na Matola”, Hélio Langa encaminhou-nos ao porta-voz do Concelho Municipal da Cidade da Matola, Jaime Langa e/ou ao Gabinete da Comunicação da edilidade.
Estes dois funcionários, quando contactados por nós em nada resultou, tendo o porta-voz dito que “vocês entrevistaram o vereador da área, que também estava a representar o município, não reconhecem que isso é estranho”?
Resta-nos saber, no entanto, qual é o motivo de sigilo, em dizer o valor supostamente investido por esta Vereação para uma “invenção abrangente”, como o vereador disse durante a entrevista, para além de que o dinheiro provém da contribuição dos munícipes e seria investido para o munícipe, sem motivos para segredos.

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