domingo, 16 de janeiro de 2011

Dolorosa despedida ao artista de Matalana

O corpo do mestre Malangatana Valente Ngwenya repousa desde ontem no jazigo construído à frente da fundação que leva o seu nome, em Matalana, sua terra natal. A presença de tantas pessoas foi o justo reconhecimento para quem, em vida, foi “professor da moçambicanidade”, como o descreveu o escritor Mia Couto.



Fonte: Jornal O País
O Povoado que viu Malangatana nascer há 74 anos, e onde ele desenvolveu o seu instinto de artista, deu um comovente adeus ao grande mestre das artes e cultura, cuja projecção internacional já colocou Matalana no mapa do mundo. Familiares, amigos, dirigentes políticos e admiradores, idos de todos os cantos, apinharam-se naquela pacata localidade para dar o último adeus ao expoente máximo das artes plásticas em Moçambique. Foi assim que a pequena povoação se tornou capital do país, ao receber todos os titulares dos órgão de soberania da República de Moçambique, chefiadas pelo Presidente da República, Armando Guebuza, que lá se deslocaram para tomar parte do funeral. Por volta das 11h30, o corpo desceu ao sepulcro, antecedido de três tiros de continência militar e nove salvas de canhão, ao invés das 19, uma vez que os canhões encravaram durante o acto que decorreu ao ritmo do hino nacional. Mesmo assim, esta pequena “gafe” que passou despercebida aos olhos dos presentes, não tirou o simbolismo ao funeral de Estado. Malangatana é de facto um inquestionável herói, cuja trajectória estravassa qualquer “deslize” protocolar. Assim, hoje termina o luto oficial de dois dias, em que bandeira moçambicana foi içada à meia haste em todo o território nacional e nas missões diplomáticas e consulares de Moçambique. O seu corpo jaz num jazigo de mármore”, no qual está gravada a seguinte mensagem “Malangatana Valente Ngwenya/ 1936-2011/ Hambanine tatana/ wissa ha hombe a ku rhulene” (Adeus pai, descanse em paz). Na verdade, a alma do mestre, cujas telas inundaram o panorama pictórico moçambicano, africano e mundial, com um novo e poderoso imaginário, descansa em paz, escolhera ser sepultado ao lado da sua fundação. Aliás, ainda em vida rejeitou a cripta da Praça dos Heróis em Maputo, para ser sepultado na sua terra natal. Malangatana merecia esta despedida em Matalana, povoação onde nasceu, onde trabalhou e onde deixou barras de sua vida”, explicou Champilino Ngwenya, 83 anos, primo de Malangatana e presidente da assembleia do Centro Cultural de Matalana.
Leia mais - quivismo.blogspot.com/p/capas-da-semana.html

Sem comentários:

Enviar um comentário

Edição 1 - Nós - Artes e Culturas

TV-NUMA PALESTRA COM ESCRITOR BRASILEIRO, RUBERVAM DU NASCIMENTO