terça-feira, 8 de maio de 2012

SOBRE O JÚRI QUE (NÃO) É ILDO FERREIRA


 Por Cruz Salazar

Muitas vezes me alheio às mediocridades que os mass medias nos proporcionam neste país. Tranco-me no silêncio, aliviando-me do infortúnio transmitido por verdadeiros formadores de opinião pública e que influenciam várias vezes na tomada de decisões.
Imagino que o cidadão do meu país anda aliado a esses, na inocência e na pacatisse. Mas já, eu, com a minha inocência, faço coisas melhores(?) e, uma delas, é não assistir alguns programas da STV. Isso mesmo. Não assisto Telejúnior. Não assisto Tchova Tchova. Não assisto a Tarde é Sua. Não assisto Opinião Pública. E nem assisto os telejornais feito por estilosos ex-telejúniorjornalistas que já imigraram para o teleséniorjornalismo e Opaís Económico. Nada disso. Ainda me posso proporcionar momentos de sofrimento e ferimentos provocados pelos ruidosos programas como Debate da Nação, Discurso Directo e Pontos de Vista, estes dois últimos bons programas, principalmente olhando para a incursão das opiniões dos analistas. Mas quanto ao fazer televisão, o senhor moderador, ainda que o admire como profissional de jornalismo, chega a aborrecer ouvir-lhe a falar.

Pois bem, depois do que já disse, possivelmente serei conotado a falso por dizer que não assisto o que venho a descrever, dizendo até correctamente os nomes dos programas. No contexto “assistir” que aqui me verso recai no ser acompanhador fiel dos programas (visto que são transmitidos uma vez por semana), no compreender a mensagem que se transmite e navegar nos conteúdos. Aliás, como bom opinante, é necessário que acompanhe o bom e o mau para saber distingui-los. E agora já sei. Os canais públicos apesar da crítica que tem vindo a receber sobre a dita Liberdade de Imprensa, penso que nos prestam trabalho melhor. No entanto, falta em si, um provedor do telespectador, que tal?

E entremos no assunto que me propus a desenvolver através do título deste artigo. 

Em verdade vos digo, nunca antes me tinha sentado para assistir o programa que se quer como uma SUPER TARDE de sábado e acompanhar, através dele o que os adolescentes e jovem tem de potente para serem Uma Estrela. Mas acabei me sentando depois de ser vítima de muita publicidade enquanto assisto as novelas brasileiras que de mais bom oferece a STV. Via aquilo que se pressupõe serem os “grandes” momentos do programa, usados como propaganda para que se assista aos sábados na hora em que eles mesmo sabem o programa SÚPER TARDES VODACOM.

E decidi sentar-me na tarde de sábado que foi dia 5 de Maio de 2012, e assisti o Super Tardes Vodacom. Ouvi as vozes que querem, ser estrelas sob alçada de uma mesa dos que seriam membros do Júri, Ildo Ferreira e Lourena Nhate.
Duas visões gerais sobre esses dois nomes:
Lourena Nhante – Vencedora ocupando segundo lugar de um concurso de talentos da STV, Fama Show. Uma entre os poucos sobreviventes desse concurso que era de âmbito nacional. Ao meu entender, ela é uma artista em crescimento e até, de área definida. Aliás, Lourena Nhate já pode ser vista como uma das que faz Pandza com boa voz. Em fim, é artista com futuro, já que o presente lhe vai sorrindo.

Ildo Ferreira – tenho pouca informação sobre ele, já assisti alguns espectáculos seus e notei algum profissionalismo, experiência na interpretação de músicas doutros autores. É também um baterista moderado. Mas mais sobre ele, disse o poeta e nobre jornalista cultural, Amin Nordine, ainda em vida, na sua coluna “Harpas e Farpas” e passo a citar “(…) Por acaso nunca vi nada dele. Refere que já se exibiu nos maiores restaurantes do mundo, aliás, nunca o vi a tocar música, mas certas pessoas consideram-no músico de sacrários. Se é que já se exibiu nos melhores restaurantes do mundo, convido-o a mostrar aqui na sua terra natal o quanto vale como um menestrel” (ZAMBEZE, 21/10/10). 

Finalmente, depois desta afirmação do Amin, em que o Ildo chegou a obedecer, ao fazer o espectáculo transmitido pela STV, começo a entrar no discurso deste músico no concurso de música do SÚPER TARDES VODACOM em que ele aparece como um verdadeiro “momomo” como ele mesmo chegou a dizer que não é, a uma das participantes que derramava lágrimas de sangue, depois duma daquelas suas censuras cortantes. Entenda-se aqui, censura não como uma tentativa de afinar os pontos tortos da pequena cantora que estava desafinada ou qualquer outra coisa que ele, como músico e possível formador de músicos (tomando em conta que para o concurso entram pessoas que tem a música no empírico e que estão para aprender enquanto concorrem).

Ademais, do que importa ouvir um músico “conceituado” num programa de descoberta e revelação de talentos a dizer no tom de gozo “não adianta nem tentar cantar Roberto Carlos” a um adolescente que se quer como futuro músico. Afinal, o que faz ele ali se não chacinar futuras vedetas que passaram de castings para lá chegar? É importante tecer as críticas de modo que tenham algum efeito proactivo para quem as recebe, principalmente quando a ideia é formar. 

Os bons que não só sabem que são, mas que são reconhecidos, não perdem tempo em falar a toa como este júri faz. Dizem o essencial. E o essencial, é dar as dicas de como se deve portar um bom músico: colocação da voz, uso do microfone nas subidas e descidas de tom de voz, a presença no palco, performance, e até, na escolha das músicas que os concorrentes fazem as interpretações. Até porque, Ildo Ferreira, muito domina esse trabalho de escolher músicas para (in)versar, então o que custa?

A STV e a Vodacom, os envolvidos nesse projecto, devem agir de modo a trazer a paz psicológica dos concorrentes e evitar que seja um júri a fazer o “show” que tem que vir dos músicos de palmo e meio ali presentes.

Agora, a o que me parece, a STV até apoia essa actuação do júri e ainda usa as intervenções como chamariz para o programa, deixando manifestar-se, desse modo, a veia daquilo que chamam de “imprensa independente” moçambicana que chega a separar as notícias em quentes e frias.

1 comentário:

  1. Cruz (se me permite a ousadia), entendo os argumentos que exibe no seu texto, mas considero-os injustos para as pessoas em causa, pois a responsabilidade não é sua. Para quem conhece o programa que criticou (e como você eu também critico), os membros do júri interpretam um papel (que não corresponde a quem são na realidade) mas que lhes é atribuído pela produtora do programa, a qual exige que se dirijam daquela forma aos concorrentes em busca das tão desejadas audiências televisivas, pois ao que parece num contexto global em qualquer país do mundo as pessoas divertem-se a ver alguns sonhadores sem talento serem humilhados. O programa foi criado por um senhor chamado Simon Cowell, muito conhecido no mundo inteiro, e que produziu diversos programas do género no Reino Unido e nos Estados Unidos e que muitos outros países adaptaram para exibição e com sucesso nas audiências, grande objectivo de todas as estações televisivas. Basta pesquisar um pouco e perceberá que a grande responsabilidade é das estações televisivas e que o único que podemos apontar aos membros do júri é o facto de colaborarem com essa forma de fazer televisão. Mas se não fossem estas pessoas, seriam outras certamente a fazer o mesmo papel.

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