quinta-feira, 14 de abril de 2011

Presidência aberta e inclusiva: Guebuza com sentimento dividido em Gaza

Por Serôdio Towo
(Jornal Escorpião)


Armando Guebuza, Presidente da República de Moçambique
(Gaza) - O Presidente da República, Armando Guebuza, que termina esta segunda-feira, a visita de trabalho que vinha efectuando à província de Gaza desde quinta-feira última, no âmbito da presidência aberta e inclusiva, manifestou publicamente a sua satisfação com os níveis de produção e produtividade alcançados naquele ponto do país. Guebuza fez a sua observação no decurso da sessão extraordinária do governo provincial alargada aos administradores distritais, presidentes dos conselhos municipais entre outros quadros, onde disse que, os resultados apresentados no informe provincial revelam o nível de organização dos membros do executivo provincial que tem demonstrado maior capacidade. Mas além de satisfeito com os resultados também mostrou-se desapontado com a criação de florestas comunitárias.


Raimundo Diomba, governador de Gaza, disse que o relatório reflectia realmente os resultados conseguidos em 2010 em diversas áreas de actividades sociais e económicas preconizadas no plano quinquenal do governo, PARPA, PEP todas implementadas e financiadas pelo orçamento do Estado e outros disponibilizados por parceiros.

Segundo Diomba, a produção global em 2010, situou-se em 25.931 milhões de meticais contra 17.580 milhões de meticais em 2009, o que representa uma subida de 47 por cento. O governador de Gaza fez ainda referência dos resultados obtidos na produção agrícola que contribuiu com cerca de 63 por cento da produção global, sendo 92 por cento do sector familiar.

Diomba disse ao Presidente da Republica e outros presentes que o impacto do fundo de desenvolvimento distrital e do direccionado às infra-estruturas, é notorio no aumento da mecanização agrícola com reflexos no incremento da produção agro-pecuária, com aquisição de um tractor e mais de uma centena e meia de cabeças de gado bovino.

Ainda segundo aquele governante, aumentou-se a expansão da rede rural e foi ainda melhorada à rede de transporte semi-colectivo de passageiros ao nível das zonas rurais da província.

Quanto a situação de reembolsos destes fundos por parte dos beneficiários, o governador Diomba disse que no ano passado foram reembolsados mais de 10 milhões de meticais, contra 12 milhões do ano anterior.

Para além dos reembolsos colectados em 2010 a fonte fez igualmente referência dos valores reembolsados em 2006, que totalizaram mais de 27 milhões de meticais.



Plano de aumento da produção agrícola



O governo de Gaza tinha planificado para 2010, uma produção de cerca 1900 toneladas de produtos diversos, numa área de mais de 617 hectares. Das metas previstas segundo o governador Diomba, foram conseguidos mais de dois milhões de toneladas contra mais 1.768 toneladas em 2009.

Para alcançar estes resultados, a província em especial o sector da agricultura e desenvolvimento rural, contou com a ajuda de cerca de uma centena de extensionistas e com a capacitação de mais de 100 chefes de localidades como agentes de extensão rural.



PR insiste na perseverança e muito trabalho


No comício popular realizado no posto administrativo de Combomune, o Presidente da República disse aos presentes que todos os moçambicanos têm um desafio comum e um inimigo também comum, que é a pobreza num país que tem muitas coisas.

Afirmou que Moçambique possui gente que trabalha, que mesmo estando no exterior se esforça para a melhoria das condições de vida das suas famílias e para o desenvolvimento do país, mas que infelizmente este continua pobre.

“Temos muitos recursos, por exemplo rios mas não temos água para beber. Temos muita terra rica para a produção, mas não temos comida. Temos muita madeira mas não temos mobília”, afirmou Guebuza.

Na tentativa de encorajar o povo moçambicano na luta contra a pobreza absoluta, o PR apelou a fé e esperança dos moçambicanos, dando exemplo dos crentes que acreditam na existência dos céus sem nunca terem visto e muito menos entrado no céu.

Deu este exemplo aos moçambicanos apelando-os para seguir e acreditar que tudo poderá mudar mas para tal, é preciso aumentar a produção e produtividade.

Deu outro exemplo apontando para a vila do posto administrativo de Combomune, que antes não tinha infra-estruturas senão apenas a estação dos Caminhos -de -Ferro e que hoje existem casas, escolas, hospitais e outras infra-estruturas.

“Para acabar com a pobreza devemos acreditar tal como faz o camponês, que tem esperança de que indo à machamba vai acabar com a fome”.



Guebuza zangado por causa de eucaliptos



Armando Guebuza manifestou-se insatisfeito em Gaza devido ao incumprimento das orientações deixadas há dois anos no que tange às políticas implementadas pelo governo provincial com vista à criação de florestas comunitárias.

A primeira insatisfação do Chefe de Estado aconteceu no primeiro dia da sua visita a Gaza concretamente no Posto Administrativo de Chissano, distrito da Macia, onde visitou uma floresta comunitária composta apenas por eucaliptos e de pequenas dimensões.

Já no segundo dia da visita, escalou o Posto Administrativo de Combomune, distrito de Mabalane, onde o cenário se repetiu com alguma gravidade.



É que enquanto em Chissano a floresta é pequena, já em Combomune não só é pequena mas também o estado em que se encontram as plantas demonstram terem sido plantadas apenas para serem apresentadas ao Chefe de Estado.

Estas constatações fizeram o Chefe de Estado não esconder a sua insatisfação ao líder comunitário, tendo lhe perguntado: “há quanto tempo é que foram plantados estes eucaliptos que me são apresentados”?

A resposta foi de que eram plantas de muito tempo não convenceu ao PR. Na sua insatisfação de forma espontânea, Guebuza perguntou a Raimundo Diomba, se existia ou não outra floresta comunitária. A resposta do governante de Gaza foi positiva e, a seguir o Chefe de Estado disse que pretendia ver.



Foi uma decisão que quebrou o protocolo devido a viagem que a comitiva de Guebuza teve que fazer até à zona de Gerêz situada a cerca de 21 km. Mesmo assim, o Chefe de Estado foi para lá e não encontrou sossego.



À Guebuza foi mostrada uma zona onde antes existiam plantas de Simbiri e que, paulatinamente com as novas orientações de nível central que ditam para que cada líder tenha uma floresta comunitária, o Simbiri, está sendo dizimado dando espaço ao eucalipto.

Guebuza, disse aos dirigentes da província e os do distrito de Mabalane, que o importante é o que é nosso e, é isso que devemos muito mais plantar. O chefe do Estado, fez uma comparação entre o eucalipto e o Simbiri. Visivelmente angustiado disse que apesar de, o Simbiri por natureza levar muito tempo para crescer, há uma necessidade de salvar o que é riqueza moçambicana.

Mesmo assim perante este desalento Guebuza ressalvou que o tipo de plantas como eucalipto e outros com natureza medicinal podem ser fomentadas em áreas por ser indicadas caso tal se justifique.

O Presidente da Republica, terminou a visita de trabalho a província de Gaza, realizando um comício popular no posto administrativo de Ngozeni no distrito de Mandlakazi. Amanha terça-feira Guebuza, inicia outra etapa escalando a província de Inhambane durante quatro dias.

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