segunda-feira, 1 de novembro de 2010

TIMBILA É UMA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA POPULAR




- Exemplificou, através de um estudo, Mário Baloi, investigador e docente de Física

Na dissertação sobre a popularização de tecnologias tradicionais no país, Mário Baloi, investigador e docente de Física, recorreu ao exemplo da Mbila, ou Timbila de Zavala e Diua de Tete, como um exemplo de inovação científica tecnologia e popular.
Comentando sobre o aspecto da preparação da sociedade, para tomar conhecimento da realidade sobre assuntos tradicionais, que são, na verdade científicas, este docente disse, que isto sempre fez parte da sociedade e salienta que existe nas pessoas um conhecimento empírico, mas que é válido, na construção de uma tecnologia africana.
“A sociedade já vive com esta tradição há séculos, temos que pensar que talvez, desde os anos 1800. Entretanto, temos que nos perguntar, por exemplo, se aqui em África que conhecimentos, tecnologias existem. E que papel, estas tecnologias podem desempenhar para o desenvolvimento do país na sociedade moderna? Os conhecimentos tecnológicos podem ser relacionados com as construções de casas, celeiros, pontes e estradas, na produção de adubos, incluindo na área artística musical, como a ponte que estas tecnologias podem estabelecer com a área de ciências.”
“O grande problema que temos e, que chamamos isso de positivismo clássico, é que vimos a ciência apresentada nos livros, como algo pronto, sem nenhuma relação com o pensamento, com a civilização e desenvolvimento local e isto, vai criando cada vez mais dificuldades às crianças e aos cientistas de como inserir-se na sociedade. Tenho feito esta comparação e descubro que o conhecimento destas tecnologias locais, só cria uma plataforma de facilidade para conhecimento das tecnologias moderna”, argumentou Baloi.
Por outro lado, este estudioso, considera que há um desenvolvimento científico elevado, hoje em dia, mas nem sempre, há tecnologias correspondentes, sendo assim “há um equilíbrio e penso que cada parte do mundo participa para tal, uns com a tendência para a tecnologia e outros na própria construção do conhecimento. Se a tecnologia da Timbila é secular, não quer dizer que nós estamos a dominar outras tecnologias e outros conhecimentos explicativos do domínio da Física ou da acústica por exemplo.”
Em contra partida, Baloi garante que “nos revelamos assim, como um povo especial dentro do conhecimento da humanidade, e isto, é fundamental para o conhecimento é humano, independentemente dos estágios em que ele pode alcançar. O facto da Timbila ter sido declarada património da humanidade, dá-nos uma chance de irmos valorizando cada vez mais, esta parte humana de conhecimento, onde Moçambique pode participar.”
Quando colocada a questão sobre o enquadramento que se pode dar a quem sabe fazer e tocar a Timbila, não havendo notas musicais, nem mesmo uma instrução científica para o seu fabrico, a nossa fonte realçou a necessidade de se aproveitar as fontes existentes para se adquirir este tipo de experiência, como no caso de Venâncio Mbande Júnior, seu acompanhante na investigação sobre a Mbila dos Chopi.
“A experiência que tenho, de um modo concreto, foi promover junto daquelas pessoas com quem trabalhamos na pesquisa científica, como o Mbande Júnior criando uma oportunidade nas universidades, para que esses jovens conhecedores desta cultura, por um sistema de educação oculto ou tradicional ou enraizado na própria cultura, para que possa elevar esse conhecimento, estudando essas áreas e combinar o conhecimento com uma possibilidade de sistematiza-lo, dentro de uma instituição de ensino superior.”
“Temos que dar a oportunidade a pessoas que tem conhecimento empírico e não sempre olharmos a estatística, quando queremos que alguns jovens continuem a estudar, querendo ver se que passou o exame de admissão ou não passou, porque se reprova os exames, perdemos toda uma chance de tais jovens que vem de uma realidade diferente e com habilidades, perdemos uma chance deles desenvolverem o país, diante de uma visão moderna e futurista que vão ter e olhando para o passado, de escrever, de relatar e de publicar teses científicas nesta área” rematou.
Para finalizar, Mário Baloi, alertou ao facto de algumas pessoas que detém conhecimentos valiosos, da ciência e tecnologia tradicional, estarem a desaparecer. Disse ainda que muitos deles, já estão na idade avançada e brevemente não teremos a possibilidade de recorrer a eles em busca destes conhecimentos.

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